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O Brasil virou pelo avesso. Lula condenado à prisão. Temer ameaçado de afastamento. Mais denúncias no forno de Janot. Congresso, partidos, políticos – com poucas exceções, todos enlameados. No Paraná, o governador Beto Richa enrolado com três inquéritos no STJ e já com delação premiada da Operação Quadro Negro homologada pelo ministro Luiz Fux, do STF. Outros políticos paranaenses fazem-lhe companhia.

Embora todos esses fatos façam parte da vida real, do cotidiano de um noticiário saturante, a pergunta que mais deve interessar aos paranaenses é a seguinte: o que tudo isso pode mexer com o estado, com as suas possibilidades de desenvolvimento, de visão futura? Ou estão todos os políticos apenas interessados em salvar a própria pele?

Diante desse quadro, a única coisa relevante é a costumeira ausência, distanciamento do Paraná em relação ao que de grave ocorre para cima do rio Paranapanema. A única manifestação de que se tem conhecimento de participação foi a figuração do governador Beto Richa na reunião dos caciques do PSDB convocada pelo governador paulista Geraldo Alkmin no início da semana. Contra a opinião da maioria presente, incluindo a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Richa foi o único a defender que o partido deve se afastar do moribundo governo Temer.

Razões morais? Não parece ser o caso, principalmente apresentadas por quem ainda não conseguiu livrar o próprio nome das desconfianças inscritas, além da Quadro Negro, nas operações dos ministérios públicos Federal e Estadual que apuram seu envolvimento em desvios de recursos da Receita Estadual, recebimento de favores da Odebrecht e suspeitas de favorecimento na implantação de estacionamentos privados na retroárea do Porto de Paranaguá.

Razões políticas? Talvez. Com o gesto de se posicionar pelo rápido desembarque tucano do governo Michel Temer, Richa conquista simpatia da assombrosa multidão que desaprova o governo federal. Isso é útil para baixar seus próprios (e ainda muito altos) índices de rejeição entre os eleitores paranaenses. O último levantamento do instituto Paraná Pesquisa dá-lhe 58% de desaprovação na média estadual, mas na região de Curitiba e Litoral a taxa teima em ficar na casa dos 70%.

Diminuir a própria rejeição nos próximos meses é vital para Richa dar viabilidade à sua eleição para o Senado. Das duas vagas em disputa, ele está em terceiro (22%), abaixo do senador Roberto Requião (31%), que deve tentar a reeleição, e até mesmo do improvável candidato Deltan Dallagnol (29%), chefe da força-tarefa da Lava Jato. Está perto de um empate com o deputado Rubens Bueno (20%), o quarto colocado.

O resumo da ópera diz que a situação não está fácil para Richa sair do Iguaçu para se aboletar numa cadeira de senador. Claro que não é impossível, principalmente se for “puxado” por um cabeça de chapa eleitoralmente forte, como parece ser o deputado-secretário Ratinho Jr., ainda em primeiro lugar nas pesquisas para o governo, empatado com Osmar Dias. E é visível o esforço do governador de promover a candidatura de Ratinho, embora já tenha procurado se aproximar de Osmar (que refuga a ideia de tê-lo em sua companhia).

Outro esforço visível é o trabalho que faz para conquistar a simpatia de tantos prefeitos quanto possa. Tem contado com a ajuda do secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e do presidente da Assembleia, Ademar Traiano, para pressionar prefeitos a abandonar seus partidos de origem e filiarem-se ao PSDB. Promete-lhes recursos, libera verbas,visita cidades, distribui sorrisos e abraços. Constrói sua base.

O que tudo isso pode acrescentar para o desenvolvimento do Paraná ainda é um mistério insondável.

De morte

Está nas mãos do Ministério Público uma denúncia contra a atuação de uma suposta “máfia de funerárias” em franca atuação em Curitiba. Nesse processo em investigação são contadas pelo menos quatro modalidades de ilícitos cometidos, com a grave acusação de que contariam com o beneplácito da prefeitura. Causariam prejuízo para o Fisco municipal, para outras empresas do mercado e, lógico, para as famílias que precisam sepultar seus mortos – sobretudo destas, num momento em que estão fragilizadas e indefesas e suscetíveis a todo tipo de espoliação.

Comissionados 1

Embora já tenha preenchido quase todas as vagas de servidores comissionados, o prefeito Rafael Greca festeja o fato de Curitiba ser apontada como a capital que tem o menor índice de menor incidência de cargos de livre nomeação em relação ao número total de funcionários municipais. A relação, aqui, é de um comissionado para cada grupo de 92 estatutários concursados. Em relação à população, ostenta a segunda menor taxa nesse quesito, segundo levantamento do IBGE.

Comissionados 2

Apesar dos índices “modestos” de Curitiba, a questão não se limita a números. Cargos comissionados nem sempre representam maior eficiência administrativa, mas troca de favores políticos. Nomear amigos e cabos eleitorais é a prática mais corriqueira. Nomeiam-se indicados por vereadores para, em retribuição, ganhar apoios e votos na Câmara Municipal. Como, aliás, ficou demonstrado (e denunciado) no recente embate pela aprovação do “pacotaço” de ajuste fiscal. Vereadores que não votaram de acordo com o prefeito tiveram seus indicados exonerados do quadro de comissionados.

Comissionados 3

Além dos 606 comissionados permitidos no quadro da administração direta, autarquias e empresas municipais também têm direito a nomear amigos. A Cohab é uma dessas empresas bem aparelhadas por cabos eleitorais premiados com altos salários.

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