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O que será que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) queria insinuar quando, ao se dirigir ao governador Beto Richa (PSDB), disse que “estamos todos do mesmo lado”? Essa afirmação apareceu nos grampos telefônicos da Polícia Federal que registraram o profundo desgosto de Aécio contra um vídeo postado pelo chefe da Casa Civil, deputado Valdir Rossoni (PSDB), em seu Facebook e no portal UOL.

Meados de abril, quando delatores da Odebrecht disseram ter feito depósitos em favor de Aécio em contas no exterior, Rossoni ficou indignado. Disse no vídeo algo parecido com o clássico “ele ou eu” – ou Aécio deixava a presidência nacional do PSDB ou ele, Rossoni, sairia do partido.

Aécio não gostou e, em ligações insistentes e autoritárias, cobrou uma atitude de Richa, chefe de Rossoni. Também de forma clássica e coerente com seu estilo, a primeira resposta de Richa ao irado amigo foi um “eu não sabia”.

Os grampos foram reproduzidos em primeira mão na versão digital desta Gazeta do Povo na última quarta-feira (31) e na RPCTV. Para quem não os viu, estão ainda disponíveis no site deste jornal.

Mas voltando ao principal: o que Aécio quis dizer com o “estamos do mesmo lado”? Queria dizer que Richa, assim como ele, também está enrolado nas suspeitas doações da Odebrecht? Ou queria se referir ao fato de os três pertencerem ao mesmo partido e que, neste caso, todos têm de ser solidários uns com os outros mesmo que sejam pegos com a boca na botija?

Na época do vídeo de Rossoni e dos telefonemas de Aécio, ainda não se desconfiava que outra bomba estava prestes a explodir – a megadelação da JBS. E, de novo, Aécio e Beto apareceram do mesmo lado, isto é, como supostos beneficiários da generosidade monetária dos irmãos Joesley e Wesley. Nesse caso, compreende-se a exigência de solidariedade que, por definição, deve ser recíproca.

Mãos Limpas e Lava Jato, semelhanças e diferenças

Um livro recém-lançado pelo procurador de Justiça do Paraná Rodrigo Chemin traça interessante semelhança entre duas grandes operações de combate à corrupção. Estão separadas no tempo por mais de 20 anos e por um oceano: Mãos Limpas, na Itália, na década de 1990; e Lava Jato, no Brasil, desde 2014.

Uma das semelhanças: os estádios de futebol construídos na Itália quando o país sediou a Copa do Mundo de 90 foram superfaturados. Grandes empreiteiras pagaram fartas propinas para políticos e partidos italianos. Iguais também foram os destinos de vários estádios. Na Itália, um dos estádios foi sede de apenas cinco jogos em toda a sua existência, até ser demolido em razão de sua inutilidade. Algo muito parecido com os “elefantes brancos” padrão Fifa construídos em estados que quase nem times de futebol têm.

Mas não são só as semelhanças que são apontadas por Chemin no seu “Mãos Limpas e Lava Jato”. Há também diferenças: na Itália, a operação causou quase duas dezenas de suicídios (alguns, acredita-se, foram “suicidados”), enquanto que no Brasil nenhum político ou empreiteiro chegou a esse grau de coragem.

Greca faz plágio do discurso de Fruet

Com a recessão, a arrecadação diminuiu e as despesas continuaram crescendo, tudo agravado pelas dívidas deixadas pela gestão anterior. Por isso, não é possível fazer os investimentos em serviços e infraestrutura que Curitiba precisa.

Você saberia dizer se essa notícia é de 2013 ou de 2017? Se ela foi dada pelo ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT) ou pelo atual, Rafael Greca (PMN)? Se você marcou as duas alternativas como corretas, acertou em cheio: ambos, ao longo dos respectivos períodos (o primeiro, durante quatro anos; o segundo, já nesses seus primeiros meses), fizeram uso do mesmo discurso. O segundo está plagiando o primeiro.

Agora marque uma das alternativas:

• Rafael Greca estava sendo sincero ou ingênuo quando, na campanha, prometia mundos e fundos aos eleitores?

• Rafael Greca, ao confirmar as dificuldades que já eram apontadas por Fruet, já estaria arrependido de ter se valido do slogan “se não sabe fazer, deixa que eu faço”? Foi irrealista ou irresponsável durante a campanha?

A resposta, não tão objetiva, foi dada pelo secretário municipal de Finanças, Vitor Puppi, ao apresentar na Câmara Municipal o relatório do primeiro quadrimestre, na quarta-feira passada (31). Nesse período, ele deu as mesmas informações que o prefeito anterior repetia. Segundo ele, nesses quatro meses, as receitas caíram mais 1% enquanto a despesa total cresceu 9%.

Em poucos dias, os altos e baixos dos políticos do Paraná

Fazia tempo que o Paraná não tinha protagonismo positivo na vida nacional. Essa fama foi superada esta semana pelo senador Alvaro Dias ao ver aprovada por unanimidade no Senado a sua Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com o foro privilegiado. Se aprovada também na Câmara Federal, finalmente vai se tornar realidade uma cláusula pétrea da Constituição segundo a qual todos são iguais perante a lei.

Mais iguais que todos os 200 milhões de brasileiros são as 30 mil “autoridades” que ainda gozam do privilégio de só serem julgadas pelas cortes superiores – caminho mais curto para lhes garantir impunidade quase irrestrita. Com o fim da prerrogativa, abre-se uma etapa histórica na vida nacional e Alvaro Dias tem parte nessa transformação.

Vaivém

Pena que, nas mesmas semanas em que um parlamentar paranaense ganha projeção positiva, dois outros sucumbem aos subterrâneos da política. Um, o suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), flagrado carregando mala recheada de propina paga pela JBS. Assessor mais próximo e amigo pessoal do presidente, Michel Temer quis garantir-lhe foro privilegiado mantendo-o numa cadeira da Câmara Federal.

Não deu certo. A artimanha de Temer previa conservar no ministério outro deputado paranaense, o insosso e inodoro Osmar Serraglio (PMDB). O plano era transferi-lo da Justiça para a Transparência, mas Serraglio teve a dignidade de não aceitar a troca: voltou para a Câmara e retomou a cadeira que era provisoriamente ocupada por Rocha Loures, que, com isso, perdeu o foro e corre o risco de ser preso.

Improbidade 1

O Ministério Público Estadual divulga uma estatística importante: de janeiro e 2012 a março deste ano, seus promotores instauraram nada menos do que 13 mil procedimentos preparatórios e inquéritos para apurar supostos atos de improbidade administrativa noticiados no Paraná. Desse total, resultaram 3.048 ações civis públicas. Isto é, processos que passaram a tramitar na Justiça.

Improbidade 2

Não há, entretanto, dados que reflitam o êxito efetivo do trabalho das promotorias de Proteção ao Patrimônio Público e à Ordem Tributária: afinal, quantos agentes públicos já foram punidos pelos supostos crimes cometidos pelos agentes públicos alvos das 3.048 ações? Elas envolvem investigações ligadas à má gestão da administração pública – isto é, casos de corrupção, grandes ou pequenos, em prefeituras, câmaras municipais, secretarias de estado, autarquias etc. Qual é, afinal, o índice de sucesso do Ministério Público?

Improbidade 3

Note-se que foram objeto de investigação casos que estão presentes todos os dias no noticiário, como licitações irregulares, desvio de função de agentes públicos, contratações indevidas de serviços terceirizados, gastos irregulares em publicidade, diárias e viagens inexistentes, compras superfaturadas e assim por diante. Coisas “comuns” na administração pública em todas as esferas e inscritas como delitos na Lei de Improbidade em vigor há exatos 25 anos.

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