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Celso Nascimento

Fruet na oposição

O deputado Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, lamentava ontem junto a um grupo de parlamentares em Brasília:

– Perdemos a única chance que o PSDB tinha de eleger um prefeito de capital no ano que vem!

O desalento do grão-tucano, embora tão respeitoso quanto constrangido, referia-se ao anúncio feito ontem pelo ex-deputado Gustavo Fruet de que, por não encontrar espaço no PSDB para ser candidato a prefeito de Curitiba, despedia-se do partido. Guerra foi um dos integrantes da tropa de líderes nacionais e locais da sigla que tentou convencer o governador Beto Richa a garantir a candidatura de Gustavo. "Já não podemos fazer mais nada", lamentou. Beto, por sua vez, em entrevista à RPC, disse desconhecer os motivos que levaram o correligionário a sair do partido.

A entrevista coletiva de Gustavo na manhã de ontem, quando distribuiu à imprensa a carta de despedida, dirigida a Beto, selou definitivamente a divisão no grupo político do governador e pôs em risco a manutenção de Curitiba – o maior colégio eleitoral do estado – nas mãos desse grupo.

Ficou clara, também, a polarização da próxima campanha. De um lado, Gustavo Fruet capitaneando uma aliança de oposição ao governo; de outro, representando a situação, o prefeito Luciano Ducci, do PSB, coligado ao PSDB, tentando a reeleição. O vice de sua chapa será, certamente, o atual presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso.

Polarização

São duas forças poderosas em confronto direto. Todas as pesquisas recentes colocam Fruet vários pontos à frente de Ducci, mas este é um quadro ainda bastante volátil. Nesses 15 meses de distância até o pleito de 2012, não são desprezíveis as chances de crescimento do atual prefeito. Primeiro, pelo simples fato de o cargo lhe assegurar visibilidade permanente. Além disso, a azeitada máquina política da prefeitura e do governo será convenientemente manobrada a seu favor. Por último, bom tempo de televisão já garantido. Com tais fatores, eleitoralmente positivos, Gustavo Fruet não conta.

O que vai eventualmente contar a seu favor são o tamanho e a expressão política da aliança que conseguir formar. E é a esta missão que Gustavo se dedicará nos próximos dois meses – prazo legal de que dispõe para escolher em que partido se filiar e armar sua rede de apoios. A opção partidária que se afigura mais viável no momento é o PDT – sigla da base do governo federal, que, em tese, pode facilitar o ingresso até do PT nessa rede.

Ducci já sairá candidato am­­­parado em mais de cinco minutos no horário eleitoral gratuito – soma dos tempos a que têm direito o seu PSB (2min) e o aliado PSDB (3min30). O DEM, que ontem confirmou apoio ao prefeito, contribuirá com mais 2min40. A Gustavo, o PDT (se esta for a opção) garante apenas 1min40 e os outros minutos que lhe faltam para se aproximar do adversário terá de buscar em partidos que ainda não lhe pertencem.

O PT pode ser convencido pela ministra Gleisi Hoffmann – pré-candidata ao governo em 2014 – a não lançar candidato próprio e a integrar, já no primeiro turno, a aliança com o PDT. Nesse caso, o tempo de que Gustavo disporá já subiria para perto de sete minutos. Mas essa já é outra história destinada a render meses.

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