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Olho vivo

Não podia

Dar início à construção da hidrelétrica de Mauá sem antes pedir autorização da Assembleia é inconstitucional. Este entendimento foi sacramentado ontem pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), a partir de um parecer do deputado Reni Pereira, relator do projeto que só agora, com a obra já adiantada, começou a ser apreciado. Para a construção? Pouco provável. Mas fica mais uma vez claro que obedecer leis não é, decididamente, o forte desse governo.

Conversas

Conversas na sala de visitas é o título do livro que será lançado hoje, em noite de autógrafos, nas Livrarias Curitiba do Shopping Barigui. De autoria do advogado Joaquim Cardoso da Silveira Filho, a obra reúne em suas 300 páginas crônicas sobre o cotidiano – mas sobretudo reminiscências interessantes de um tempo em que se fazia política séria ao, como sugere o título da obra, reproduzir conversas que o autor ouvia na sala onde o pai recebia visitas. O pai: Joaquim Cardoso da Silveira, líder político do Norte Pioneiro nas décadas de 30 a 50 do século passado, prefeito de Santo Antônio da Platina e deputado estadual.

Reflexos

Lula sacramentou ontem à noite, em jantar no Torto, a adesão do PMDB nacional ao projeto de eleger Dilma Rousseff. Requião, que não foi ouvido, não gostou da história, pelos reflexos que terá na eleição do Paraná.

Há um conceito ru­­­dimen­tar em economia que trata do custo/benefício. Se você gasta pouco para obter um grande benefício, você fez excelente negócio. O negócio vira péssimo quando gasta muito para ter pouco ou nenhum benefício. Na gestão empresarial ou na administração pública, bom gerente é aquele que consegue o máximo de benefício com o mínimo de custo. Ou, pelo menos, se mantiver equilibradas as pontas extremas do custo e do benefício. Certo?

Pois bem: o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, foi à "escolinha" ontem para dizer que a segurança no Paraná, ao contrário do que dizem as más línguas, vai bem porque nunca na história desse estado um governo gastou tanto com segurança como o de Requião.

De 2003, quando assumiu, até 2009, o orçamento da segurança cresceu 120% – isto é, mais do que dobrou no período. No primeiro ano, o governo tinha para o setor R$ 559 mi­­­lhões, ao passo que, neste, os recursos somam R$ 1,2 bilhão.

Para que serve o dinheiro empregado em segurança? Qual é a atividade-fim da secretaria do senhor Delazari? É combater o crime, óbvio. Diminuir a violência, reduzir a criminalidade, botar na cadeia os malfeitores. O dinheiro que o governo destina para a pasta tem, portanto, este objetivo. A ela compete alcançar este benefício para a sociedade utilizando bem os meios que o dinheiro paga: viaturas, armas, contratação de pessoal, treinamento, etc.

Se não se obtém benefício, ou se ele é pouco em relação ao que se gasta, é bem provável, então, que o dinheiro esteja sendo mal gasto. A relação custo/benefício está desequilibrada. Logo, afirmar na "escolinha" que o governo está gastando bastante não quer dizer que tenha sido uma grande vantagem. Ou pode simplesmente significar que o setor está sendo muito mal administrado.

Isto se torna mais compreensível quando, com dados da própria Secretaria de Seguran­­­ça, constata-se que a criminalidade só aumentou nesses mesmos seis anos de tanto dinheiro para o setor. Os recursos cresceram 120%, mas o número de homicídios dolosos – principal quesito de mediação da violência – saltou 15% na média estadual. Ou, considerando apenas a região metropolitana de Curitiba, o crime cresceu 40% – de 29 para 40 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.

Em março deste ano, o própio secretário Luiz Fernando Delazari oferecia alguns parâmetros que comprovam o fracasso. Dizia ele, de acordo com matéria distribuída pela Agên­­­cia Estadual de Notícias, que apenas 45% dos homicídios são solucionados. Isto é, para cada 100 assassinatos, a polícia identifica a autoria de somente de 45. Não significa que os 45 autores acabem presos.

Na mesma ocasião, o secretário revelava a precariedade dos serviços de investigação, pois informava que até então (já passados mais de cinco anos de sua gestão) não havia um sistema informatizado de confrontação de impressões digitais!

Mais do que sobre dinheiro para a segurança, o que a Assembleia e o povo precisa ouvir do secretário no dia 27, é sobre como ele justifica o resultado negativo.

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