Apesar das boas relações sociais que o prefeito Rafael Greca mantém com o empresário Donato Gulin, um dos líderes do setor em Curitiba, pode estourar nos próximos dias uma nova queda de braço entre o município e as empresas do transporte coletivo da capital. A razão é simples: as contas que os dois lados fazem sobre o custo do sistema não “batem”.
De surpresa, no dia 6 de fevereiro, o prefeito subiu a passagem de R$ 3,70 para R$ 4,25, mas não definiu o quanto deste valor seria repassado para as concessionárias. Nem poderia mesmo, pois a fixação da tarifa devida às empresas só acontece depois do reajuste de motoristas e cobradores, cujos salários somam metade do custo total do sistema.
Até agora patrões e empregados não chegaram a um acordo: os trabalhadores pedem 15%, os empresários oferecem 4%. Na quarta-feira (8), haverá nova rodada de negociações. Se chegarem a um consenso, aí sim Greca poderá definir a tarifa técnica.
Pois bem: os empresários já calcularam que, em razão da queda expressiva do número de passageiros, eles terão prejuízo se receberem menos de R$ 4,57 – isto é, 32 centavos a mais do que o povo paga. Com este valor, as empresas dizem que poderiam cumprir todas as exigências contratuais, dentre as quais a de renovar a frota. Mas se aceitarem menos, as empresas se conformarão com os prejuízos que dizem sofrer?
Renovar a frota é uma das bandeiras do prefeito Rafael Greca e isto “custa o que custa”, conforme repete. Então, eis a questão: como resolver a equação que garanta maior conforto e segurança para os passageiros sem sacrificá-los ainda mais com altas tarifas e ao mesmo tempo possibilite às empresas melhorarem o serviço?
Com estado e prefeitura quebrados, subsídios públicos estão descartados. Aumentar outra vez o preço da passagem? Reduzir o peso de algumas obrigações constantes da planilha de custos? Quais? Melhorar as vias de trânsito para dar fluxo e velocidade aos ônibus? Modernizar o sistema de bilhetagem? Essas são algumas das opções, umas de curto prazo, outras a perder de vista.
Situação complicada que não se resolve em animados happy hours no Country Club – como aquele fotografado dia 9 de fevereiro, três dias depois da decretação do aumento.



