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Celso Nascimento

O chapéu alheio

Advogados da prefeitura de Curitiba terão de agilizar providências para que um patrimônio que é do município não seja transferido para o governo estadual. Ex­­­plica-se: os bens que a concessionária Sanepar está dando ao estado em pagamento de uma dívida não podem ser "removidos, alienados, dados em garantia ou utilizados para qualquer outro fim", porque eles são "reversíveis" – isto é, terminado o prazo ou rescindido o contrato, os bens devem reverter ao patrimônio do poder concedente, isto é, da prefeitura.

O contrato em questão leva o número 13.543 e foi assinado em 2001 pelo então prefeito Cassio Taniguchi com a Sanepar, na época presidida por Carlos Afonso Teixeira de Freitas. Pois bem: a cláusula 16 desse contrato é clara ao afirmar que somente não são reversíveis ao patrimônio municipal "os bens utilizados pela concessionária para apoio e complemento à prestação do serviço adequado de água e esgoto".

Os demais bens são reversíveis. Segundo o mesmo contrato, tais bens são representados pelas "captações, as redes coletoras, adutoras e de distribuição, os reservatórios, as estações de tratamento de água, as estações de tratamento de esgoto, os interceptores, os emissários, as ligações de água e esgoto e os hidrômetros".

Trata-se de uma garantia legal de que se servem os concedentes para que os usuários não corram o risco de sofrer com a eventual paralisação do serviços porque o concessionário botou os bens debaixo do braço e foi embora. Ou porque o mandante de plantão da concessionária seja tentado a usar o chapéu alheio para fazer política ou chantagens.

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Olho vivo

Só sem PT 1

Não há a menor possibilidade de o DEM associar-se a qualquer candidatura vinculada, diretamente ou indiretamente, ao PT. Quem faz a afirmação é o deputado Eduardo Sciarra, vice-presidente nacional do partido, desautorizando a intenção do colega Abelardo Lupion de candidatar-se ao Senado na chapa de Osmar Dias, caso este venha a se coligar com o PT da presidenciável Dilma Rousseff.

Só sem PT 2

Em declaração à coluna, publicada na sexta-feira, Lupion (que preside o diretório estadual do Democratas) se disse inclinado a integrar como candidato a frente partidária de apoio a Osmar, em razão das afinidades políticas que o ligam historicamente ao senador. E que não vê motivo para não fazer parte de sua chapa, já que, não havendo verticalização, o DEM paranaense cumprirá o acordo nacional de apoiar o tucano José Serra para a Presidência.

Só sem PT 3

Sciarra não concorda com esta visão e, embora considere difícil, diz que o DEM ainda trabalha para reunificar a aliança partidária que vigorou nas eleições de 2006 e 2008. O que significa trazer Osmar Dias de volta ao grupo. Segundo ele, a definição em caráter definitivo de quem será o candidato a governador dessa frente poderá ser estendida até junho do ano que vem – o mês das convenções, conforme previsto no calendário eleitoral.

Resmungo 1

O vice-governador Orlando Pessuti merece o tratamento que está recebendo de Requião e muitos de seus companheiros do PMDB? Sua condição de candidato do partido ao governo vem sendo, nas últimas semanas, continuamente colocada em dúvida e tornou-se objeto de negociação para satisfazer as conveniências tanto do governador, interessado numa aliança que dê melhor suporte à sua candidatura ao Senado, quanto de deputados que se veem ameaçados de não se reeleger. Pessuti estaria sendo cristianizado antes da hora. Ele merece?

Resmungo 2

Humilde, Pessuti prefere não acreditar na existência desse movimento. Mas reconhece: "O governador resmunga, resmunga, mas esse é o jeito dele."

Quem ganha pouco...

O prefeito Beto Richa esteve em Brasília na semana passada e lá conversou com o presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Richa foi informado de que seu vice, Luciano Ducci, que é do PSB, está liberado para apoiar sua candidatura ao governo. Este gesto tem de ser comprendido em seu verdadeiro tamanho – isto é, não acrescentou nada, já que tal apoio era mais do que conhecido.

...e quem perde muito

A questão é outra: o vice-prefeito foi autorizado também a acompanhar Richa no palanque tucano de José Serra? Ou, como manda o figurino, terá de apoiar o candidato do PSB, Ciro Gomes? Não se sabe ainda com que humor Serra recebeu a notícia de que o futuro prefeito de Curitiba, que contava como seu aliado, vai trabalhar contra ele.

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