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O crime continua na mesma

Quem leu uma entrevista do secretário da Segurança, Fernando Francischini, publicada nesta Gazeta na última quinta-feira (16), deve ter exultado com o êxito que declarou ter obtido em quatro meses de gestão à frente da pasta. Segundo ele, o número de homicídios registrados em Curitiba no primeiro trimestre deste ano foi 17% inferior ao do mesmo período anterior. Isto é, graças à sua dura política de “lei e ordem”, comparados os dois períodos a criminalidade foi drasticamente reduzida.

Os números contidos nos relatórios da Sesp, se contabilizados corretamente, realmente demonstram a diminuição: de janeiro a março de 2014, ocorreram 157 homicídios na capital, ao passo que nos primeiros três meses de 2015 foram contados 131 – ou seja, 26 mortes violentas a menos, o que equivale aos 17% referidos pelo secretário.

Mas calma lá! Se o leitor recorrer à íntegra do relatório estatístico de 2014, verificará que no último trimestre do ano passado ocorreram 132 homicídios – apenas 1 a mais do que no primeiro de 2015. Ou seja, a criminalidade do último trimestre de 2014 já tinha diminuído os mesmos 17%.

Em resumo, os quatro meses da gestão Francischini mostram que se manteve estagnado o índice de criminalidade de Curitiba – cidade que tomou como exemplo da eficácia da nova política de segurança. Ainda que a população tenha aumentado de um ano para o outro, o crescimento certamente não foi suficiente para alterar a taxa de 32 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Lembrando: a taxa média de homicídios no Brasil, de 29 a cada 100 habitantes, é considerada por órgãos da ONU como “epidêmica”, já que a “tolerável” seria de no máximo 10. Curitiba continua, portanto, sendo três vezes mais violenta do que seria “tolerável”. Dados de 2012 apontavam Curitiba como a 6.ª capital mais violenta – mais violenta que São Paulo e Rio de Janeiro.

Dito isto, ninguém deve ainda se impressionar com a suposta eficiência da nova direção da Segurança Pública. É melhor esperar.

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