Dizem que não estava ensaiado, mas os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), ambos pré-candidatos e rivais na disputa pelo governo estadual, protagonizaram ontem um bem concatenado jogral no plenário do Senado. Ou, para ficar nestes tempos futebolísticos de Copa do Mundo, Gleisi levantava a bola para Requião chutar claro que contra o gol do adversário comum, o governador Beto Richa.
O roteiro ficou em torno da decisão do governo estadual de pedir à Aneel autorização para aumentar a conta da luz em 32% a partir de 24 de junho. Segundo Gleisi, o reajuste o mais alto dentre todos os pedidos pelas concessionárias do país é resultante de "uma estratégia de gestão totalmente errada" adotada pela Copel.
O governo do Paraná, disse ela, ao não aceitar a proposta de antecipação das concessões de hidrelétricas feita pela União no ano passado, acabou se obrigando a comprar energia no mercado aberto a preço muito alto até 2.469% mais caro do que seria possível para suprir seus consumidores, afirmou Gleisi na nota oficial que leu da cadeira da presidência do Senado que ocasionalmente ocupava.
Requião não perdeu a chance: da tribuna, acusou o governo do Paraná de, ao aumentar a tarifa de energia, favorecer os grupos privados que passaram a ter maior participação nos lucros da companhia, de 25% para 35% desde 2011.
O jogral de ontem pode ser uma antevisão do clima da campanha que começa a se desenhar. Se Requião conseguir viabilizar sua candidatura ao governo pelo PMDB, Beto terá de enfrentar dois adversários com discursos de oposição parecidos e combinados ambos apontando os erros da atual gestão.
Por partes
Não é certo, porém, que Requião consiga ser candidato. O PMDB dividiu sua convenção em duas partes: a primeira, dia 20, apenas para decidir se terá candidato próprio ou se apoiará Beto Richa; a segunda, dia 29, aí sim, para se decidir quanto a nomes.
Se no dia 20 vencer a opção pela aliança com o PSDB, no dia 29 o PMDB se reunirá para decidir qual destes nomes será o vice: os deputados estaduais Caíto Quintana e Artagão de Mattos Leão ou o federal Osmar Serraglio, presidente estadual da legenda, que manobra nos bastidores para ser o escolhido.
Se na primeira rodada vencer a tese da candidatura própria, se aprofundará a briga interna: Requião lutará pela sua eleição, mas o ex-governador Orlando Pessuti continuará fazendo o mesmo, mas agora, contudo, contando com o apoio aberto da facção derrotada no dia 20, isto é, a dos aliados de Richa.
Neste sábado, em Londrina, 500 peemedebistas convocados pelo veterano líder do partido, membro nato da direção estadual, Milton Buabssi, fornecerão o termômetro para medir a temperatura interna. Lá, a palavra de ordem será a união da legenda em torno dos velhos ideais e de uma candidatura própria, seja qual for.
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