Beto Richa teria ainda, a contar de hoje, mais 1.006 dias para continuar à frente da prefeitura de Curitiba. Ele foi eleito em 2008 para cumprir, a partir de 1.º de janeiro de 2009, um novo mandato consecutivo de quatro anos, num total de 1.461 dias.
Apesar dos 77% dos curitibanos que atenderam ao apelo "Beto fica!", que marcou a propaganda de sua vitoriosa campanha de reeleição, às 10 horas de hoje assume em seu lugar um novo prefeito o desconhecido (segundo as pesquisas) vice Luciano Ducci. A ele caberá cumprir o tempo a que Richa está renunciando para dedicar-se, agora integralmente, à campanha de governador.
Que seja bem-vindo o novo prefeito: Curitiba está precisando resolver com urgência algumas pendências que Beto Richa não teve tempo de resolver. É certo que, médico, Ducci terá desafios a enfrentar diferentes da experiência administrativa que acumulou desde os tempos do prefeito Cassio Taniguchi, quase exclusivamente na área da saúde pública, mas certamente não lhe faltam atributos para enfrentá-los.
Terá de se haver com complexos problemas urbanos que extrapolam sua especialidade, dentre os quais se inclui o de dar continuidade a obras e projetos inacabados. Um deles é definir em que lugar depositar as mais de duas mil toneladas diárias de lixo que a cidade produz, já que, a partir de novembro, o aterro do Caximba terá de ser definitivamente lacrado.
Após anos de frustradas tentativas para realizar uma licitação que daria a Curitiba a primazia de ser pioneira na industrialização do lixo, Richa acabou por deixar sem solução o comezinho problema da destinação dos dejetos domiciliares. O problema não é pequeno principalmente para quem ainda tem na cabeça o que aconteceu recentemente com a cidade de Nápoles, Itália, que viu suas ruas atulhadas de sujeira por não saber onde colocá-la.
Suspensa pela Justiça, já não há perspectivas a curto prazo de retomada da licitação revigora-se esta ou se começa um novo processo? do sistema de reciclagem, que atenderia 18 outros municípios da região metropolitana. Ou seja, as consequências se estendem para todos eles, que agora terão de resolver sozinhos, cada um com suas dificuldades, o que deveria ser uma obra conjunta.
Outro projeto inacabado é o do metrô. Perdeu-se a oportunidade de obter recursos federais no PAC 1 e a expectativa de que poderia ser incluído no PAC 2 mantém-se ainda como simples expectativa. Lançado ontem em Brasília pelo presidente Lula, o PAC 2 não faz referência específica ao metrô de Curitiba, disputando com outras capitais que também reivindicam sistema idêntico para atender a demanda da Copa de 2014.
Um dos fatores que teriam impedido uma decisão mais afirmativa do governo federal quanto à disposição de participar do projeto do metrô não é exatamente o seu custo mas a falta de cálculos mais precisos sobre o montante necessário. Inicialmente, previa-se R$ 1,2 bilhão. Mas, segundo se informa, estimativas mais recentes apontariam para o dobro disso isto é, R$ 2,4 bilhões.
Como se vê, embora não tenha votado diretamente nele, a população espera que Ducci, nos 1.006 dias que terá a cidade em suas mãos, mantenha a rotina da prefeitura e dê solução a pelo menos esses dois projetos inacabados.



