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Celso Nascimento

Osmar e o recado ao PSDB

O senador Osmar Dias reúne hoje em Curitiba os 36 prefeitos que o PDT elegeu em outubro. Oficialmente, o encontro foi convocado para tratar de critérios para realização de convenções municipais e da reestruturação administrativa do partido. Mas, na verdade, essa burocracia interna é o que menos conta. O que de fato conta é a demonstração que Osmar quer dar de que é irreversível a sua candidatura a governador em 2010, independentemente da eventual decisão dos tucanos – seus antigos aliados – de lançar Beto Richa.

Presente ao encontro estará o presidente nacional do partido, Carlos Lupi. Lupi, na condição de ministro do Trabalho de Lula, é uma das pontes que podem ligar Osmar Dias ao PT. Assim, o subtexto da reunião deve revelar um recado do senador aos tucanos: não será um grande estrago se quiserem romper a aliança para fazer vôo próprio. Ele continuará tão candidato quanto antes.

Anima Osmar Dias a dança de acasalamento que o PT tem feito para atraí-lo, a começar pelo pragmático presidente Lula, que vê no senador o melhor palanque para alavancar no Paraná a candidatura da ministra Dilma Rousseff. Sinais do mesmo tipo já foram emitidos também pela presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

O problema passa a ser, então, do PSDB. O sonho dos tucanos é empurrar Osmar para a reeleição ao Senado para que Beto Richa corra solto contra o virtual candidato do PMDB, Orlando Pessuti. Não é o que tende a acontecer se os acontecimentos se precipitarem.

Empresários divididos

Nas duas audiências públicas realizadas no fim de semana, uma em Ponta Grossa e outra em Guarapuava, ficou clara a divisão de interesses entre categorias empresariais em torno do projeto de "reforma tributária" encaminhado por Requião à Assembléia. Na hora da votação, os deputados terão de mostrar de que lado estão.

Os mais entusiasmados são os donos das grandes redes do comércio varejista, supermercados em particular. Eles serão beneficiados com a redução do ICMS de 18% para 12%. Vão pagar, portanto, 33% a menos de imposto. Não há empresário que não goste disso – principalmente porque não há quem os obrigue a repassar esse benefício ao consumidor final.

Os deputados vão agradar ao setor supermercadista se aprovarem o projeto. Em contrapartida, vão desagradar os pequenos comerciantes, a maioria deles enquadrada no Simples – sistema pelo qual pagam no máximo 3,7% de imposto. Portanto, para eles, a redução do ICMS seria neutra. A diferença que sentirão na pele é o fato de que perderão ainda mais seu poder de competir com as grandes redes.

Os deputados vão desagradar também os industriais, que não escaparão do aumento do ICMS sobre insumos que têm grande peso nas planilhas de custo da produção: energia, comunicações e transporte. A elevação do tributo em dois pontos porcentuais os levará a pagar 13% a mais de ICMS nesses insumos. Vai encarecer a produção justamente nessa crise, quando o que mais interessa é a diminuição dos custos.

E o povo? O povo, se por um milagre da natureza os supermercadistas baixarem seus preços, fará uma economia de 0,89%.

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