"A CPI não é nem do governo nem da oposição. Queremos levantar a verdade dos fatos."
Do deputado Jocelito Canto (PTB), ao iniciar a coleta de assinaturas em requerimento de convocação de uma CPI para investigar o caso Sanepar-Pavibrás.
Longo detalhado e enfadonho. Assim será o depoimento que o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, pretende fazer na Assembléia Legislativa sobre o caso Pavibrás empreiteira que, contratada por R$ 69 milhões para fazer as obras de saneamento no litoral, já recebeu R$ 130 milhões e ainda quer mais R$ 40 milhões, sem, contudo, terminar o serviço.
A estratégia de Stênio, devidamente instruído por agentes palacianos, é vencer os deputados pelo cansaço. Usará o maior tempo possível descrevendo minúcias contratuais e burocráticas, falará longamente sobre a importância do saneamento para a saúde pública e discorrerá a respeito de êxitos supostamente alcançados pela empresa. Com isso, espera conseguir o esvaziamento do plenário, confundir as mentes menos atentas, nocautear pelo tédio os deputados da oposição e tirar-lhes tempo e disposição para dirigir-lhe perguntas embaraçosas.
Mas enquanto Stênio pensa nessa estratégia, os parlamentares oposicionistas pensam na sua. E municiam-se com dados assombrosos que lhe têm chegado às mãos nos últimos dias, demonstrando a existência de "relações carnais" da Sanepar com algumas empreiteiras, tais os favores e benefícios tocados entre elas.
Um exemplo está no próprio caso Pavibrás. Pelo contrato, a empreiteira é que deveria ter providenciado o seguro das obras, mas por conveniências que só são explicáveis à luz das "boas relações" com alguns diretores, a Sanepar é que acabou fazendo a contratação do seguro (cuja apólice era, aliás, falsa).
Chama a atenção também um volumoso dossiê sobre procurações dadas por várias empreiteiras para que empresas terceirizadas recebessem créditos junto à Sanepar. Coisas estranhíssimas.
Os planos de Osmar
O senador Osmar Dias (PDT) retardou seu retorno a Brasília para comparecer, ontem à tarde, a uma audiência na 10.ª Vara Cível, onde move ação cobrando indenização por danos morais contra uma empresa jornalística rescaldo ainda da campanha eleitoral do ano passado.
À saída, cercado por alguns simpatizantes e jornalistas, descreveu sucintamente seu plano político: 1) reorganizar os diretórios municipais do PDT na maioria dos municípios, expurgando-os dos infiéis; 2) consolidar em cada município a aliança partidária que participou de sua campanha a governador em 2006; 3) só lançar candidatos próprios a prefeito onde isto se mostrar viável, caso contrário apoiará nomes dos partidos aliados; 4) manter aberto o diálogo com o prefeito Beto Richa, mas também com Rubens Bueno (PPS), ambos possíveis candidatos em 2008 à prefeitura de Curitiba; e 5) manter-se como candidato natural ao governo do estado em 2010, se possível preservando a mesma coligação que quase o elegeu no ano passado.
Olho vivo
Bomba 1 O líder da oposição na Assembléia, deputado Valdir Rossoni, continua fazendo mistério a respeito de uma "bomba" que pretende detonar contra o governo do estado nos próximos dias. Sequer dá pistas sobre a área da administração que será atingida, mas garante que estilhaços vão atingir o 3.º andar do Palácio Iguaçu.
Bomba 2 Ontem, após entregar ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Vidal Coelho, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que a bancada de oposição impetrou contra a lei estadual que liberou o governador para agir como quiser em relação a cargos de confiança, Rossoni esclareceu que não foi esta a "bomba". É bem outra, diz ele, aumentando o nervosismo do líder governista Luiz Cláudio Romanelli.
300 dias Ontem fez 300 dias que Requião prometeu fornecer óleo diesel mais barato para o transporte coletivo de Curitiba. No início da campanha eleitoral, chegou a dar sinais de que cumpriria o prometido, mandando realizar um leilão de compra do combustível, sobre o qual não incidiria ICMS uma contribuição do estado para evitar o aumento das passagens. O leilão fracassou e nunca mais se falou no assunto.
Desatualização Em seu discurso de saudação ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ontem, em Curitiba, o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, mostrou-se desatualizado. Ele citou como presidente da Associação Comercial do Paraná o empresário Ardisson Akel que de fato exerceu o cargo, mas até 1998. A atual dirigente da ACP, Avani Slomp Rodrigues, visivelmente constrangida, apenas arregalou os olhos. Na platéia, o ruído de risos.



