O xadrez da sucessão estadual, que já produziu conjecturas de aparência tão absurda quanto a de a disputa se dar entre dois irmãos, prossegue com lances que há muito pouco tempo seriam inimagináveis. Por exemplo: a animada busca embora publicamente discreta dos termos de um acordo entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião.Para Requião, qualquer acordo lhe serve com qualquer dos virtuais candidatos, desde que lhe deem tranquilidade e segurança para eleger-se senador. Está disposto a "rifar" o PMDB e entregá-lo a quem lhe der mais. Dentro dessa estratégia, é importante continuar praticando o esporte no qual se especializou nos últimos tempos, isto é, o de não contribuir em nada para a viabilização de uma candidatura própria dentro do seu partido. O que explica bem a ojeriza que demonstra em prestigiar o único peemedebista que tem ambições e condições mínimas para disputar a eleição o vice Orlando Pessuti. Prefere mantê-lo afastado para não ser atrapalhado em seus planos pessoais.Coerente com a afirmação que fez em campanha passada de que não se recusa a fazer "aliança nem com o diabo" para ganhar uma eleição, o governador pôs-se em leilão. E nesse momento encontra em Beto Richa, que se vê no canto do ringue em razão dos movimentos e das circunstâncias favoráveis a Alvaro e Osmar Dias, alguém disposto a dar-lhe o melhor lance.O prefeito-candidato percebe, de um lado, que Osmar Dias escapa-lhe pelos vãos dos dedos, perdendo-o para o PT; e que é cada vez maior o risco de o PSDB fazer de Alvaro o candidato preferencial.
Aproximação com Requião serviria para anabolizar candidatura do prefeitoVai daí que Richa precisa anabolizar sua musculatura política. Não lhe basta apenas ter sido extraordinariamente bem votado em Curitiba se não puder construir um novo leque de alianças em substituição àquela que o elegeu prefeito e que está visivelmente se desfazendo apesar de todas as juras em contrário.
Requião e o PMDB são a alternativa nova impensável há tão pouco tempo que Richa pensa viabilizar. Canto do cisne para segmentos e deputados peemedebistas que anteveem o desastre do partido em 2010, Richa pode representar para eles a esperança de que nem tudo está perdido. Essa turma é um incentivo para o prefeito abrir-se para o acordo.
Em contrapartida, há dentro do PSDB uma facção a dos "tucanos de bico vermelho", capitaneada pelo presidente do Tribunal de Contas, Hermas Brandão, que em 2006 já tentou colocar o partido no colo de Requião também favorável a essa solução. Entre eles há, porém, quem advogue que a cabeça da chapa deva ser entregue a Alvaro Dias.
De qualquer modo, embora ninguém deixe de "bolar" desde já as mais diversas formas de (re)composição das forças políticas do Paraná, variáveis nacionais vão influir ou até mesmo determinar o quadro estadual. Nesse sentido, há ainda muita água para correr por debaixo dessa ponte.



