O perigo mora ao lado: o Paraná não está livre de ver se repetir aqui episódios tão dantescos quanto os que o país viu, estarrecido, acontecerem em Manaus e Roraima, nos quais facções criminosas que dominam presídios de lá entraram em confronto e em que se produziu a carnificina que resultou em perto de uma centena de mortos.
O motivo para o temor: segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, um dos mentores do massacre de Roraima está “estabelecido” no complexo penitenciário de Piraquara, região metropolitana de Curitiba. Trata-se do detento Ozélio de Oliveira, mais conhecido como Sumô, um dos chefões regionais do Primeiro Comando da Capital, o famigerado PCC.
O fato certamente não é desconhecido pelo secretário estadual de Segurança e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita. Tanto que, no mesmo dia da rebelião de Manaus, no Ano Novo, Mesquita informou que, quatro meses antes, suas investigações indicavam a ruptura do PCC com o Comando Vermelho (CV), outra organização com a qual disputa liderança, a partir dos presídios, de toda sorte de ações criminosas – principalmente tráfico de armas e drogas.
A ordem de rompimento do PCC com o CV é geral e irrestrita. Vale para todos os presídios brasileiros e tem como objetivo esmagar a força do CV, grupo carioca que concorre com o paulista PCC. A orientação sai da penitenciária de segurança máxima (federal) de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde se encontram presos os principais chefões do PCC, mas também passam por Sumô.
Interceptações telefônicas e de bilhetes trocados entre membros do PCC são reveladores. Revelam, por exemplo, que celulares também entram com alguma facilidade nos presídios paranaenses, com o inconveniente de que aqui custam muito caro – R$ 5 mil cada –, como conta Sumô numa das conversas grampeadas. Ele reclama aos seus “colegas” de Roraima: no Paraná são apenas dois celulares por galeria, enquanto que no outro estado o acesso aos aparelhos é mais barato e ilimitado. Apesar disso, segundo a SESP, no ano passado foram apreendidos sete mil celulares nos presídios do Paraná.
Se tantos celulares entram, deles não podem sair ordens de matança? As autoridades paranaenses estão de fato preparadas para evitá-las, já que não evitam nem a entrada de celulares?



