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Celso Nascimento

Provincianismo e autofagia

Não chegou a constituir grande surpresa nos meios políticos a decisão do senador Osmar Dias de aceitar o pedido de Lula para formar dobradinha com o PT de Dilma Rousseff no Pa­­raná. Mas fez com que tucanos influentes não só lamentassem sua decisão como também passassem a cogitar formas para reverter a atitude do senador.

Depois que o prefeito Beto Richa lançou a própria candidatura, Osmar, conforme registrou esta coluna na edição de ontem, deu por desfeito o projeto de vir a ser o cabeça de chapa da mesma frente partidária, integrada, entre outros partidos, pelo PDT e PSDB, que esteve unida nas eleições de 2006 e 2008. Diante disso, com o rompimento do compromisso por parte de Richa, Osmar decidiu abraçar a alternativa oferecida por Lula.

A notícia chegou rapidamente aos ouvidos de tucanos ilustres do Paraná, Brasília e São Paulo. Dois desses ouvidos eram os do governador José Serra, candidato tucano à Presidência. Segundo boas fontes da coluna, a reação foi unânime: os fatos se precipitaram sem necessidade. Nem Beto Richa precisaria ter se apressado em declarar-se candidato, nem Osmar Dias correr para o novo abrigo.

É que ainda estava em vigor o compromisso do presidente nacional do PSDB, senador Sér­­­gio Guerra, de que a opção final dos tucanos seria definida por meio de uma pesquisa de opinião pública, conforme sugestão do senador Alvaro Dias aprovada na reunião de quarta-feira à noite em Brasília. A pesquisa incluiria, além dos dois nomes tucanos que postulam a candidatura – Beto e Alvaro –, também o apoio a Osmar.

Há tucanos que creditam os acontecimentos a um provincianismo autofágico. "Seria de se esperar – disse um desses tu­­­­canos – que em primeiro lugar se pensasse no projeto nacional do partido, que é o de reconquistar a Presidência da República." Segundo seu raciocínio, os fatos – isto é, o autolançamento de Richa seguido da atitude de Osmar Dias – colocam em sério risco não só a eleição de um governador do ou ligado ao PSDB, como, sobretudo, o sucesso do candidato José Serra junto ao eleitorado do Paraná.

Movimentam-se também as demais siglas que formavam a frente oposicionista. O DEM, por exemplo, já se mostra dividido sobre qual caminho deve tomar a partir de agora e hoje mesmo pela manhã reúne o diretório estadual para discutir o assunto. Sobre a mesa, três tendências distintas.

Seu presidente, deputado Abelardo Lupion (candidato ao Senado), defende a imediata adesão à decisão de Osmar Dias. O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus, por sua vez, quer que o partido se mantenha ao lado de Beto Richa. E uma terceira voz, a do deputado Eduardo Sciarra, vislumbra ainda a possibilidade de dar sobrevida à união da antiga frente e de decidir candidaturas mais adiante.

Ainda não foram captadas reações junto ao eleitorado tradicional de Osmar Dias – isto é, entre lideranças ruralistas que não concordam com as ligações do PT com o MST.

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