Segundo tese defendida pelo presidente da Urbs, Marcus Isfer, o sistema de radares de Curitiba é extremamente confiável. É impossível fraudar imagens ou suprimir multas. Mesmo assim, por recomendação do Tribunal de Contas, a Urbs está prestes a contratar a empresa Under Protection para auditar o sistema. Se o exame tecnológico confirmar o que diz Isfer, irá por água abaixo o único argumento juridicamente válido que poderia instruir o processo de cancelamento do contrato com a Consilux, determinado pelo prefeito Luciano Ducci, em março, com base apenas em uma denúncia do Fantástico.
Agora, trabalhemos com uma dúvida maluca: os atos praticados pelos agentes e diretores da Diretran e da Urbs seriam tão confiáveis quanto o seria o sistema de radares? Se se desconfiar que uma multa foi suprimida ou se um infrator foi favorecido, esses agentes (ou diretores) receberiam pena igual àquela imposta à Consilux isto é, seriam demitidos? E somente depois uma quarta empresa seria chamada para aferir se os atos eram legais e confiáveis?
Essas hipóteses de aparência maluca ganharam razão de ser na semana passada, quando sete agentes de trânsito da Diretran, quase todos com mais de dez anos de serviço, foram demitidos pelo presidente da Urbs. Teriam eles cometido irregularidades na fiscalização? recebido propina de infrator? Rasgado o talão de multa? Nada disso foi alegado. Na carta de demissão não há referência a nenhuma "justa causa".
O que se sabe, apenas, é que a demissão coincidiu com atos de protesto dos agentes contra a diretora da Diretran, Rosangela Batistella.
Dito isso, passemos a examinar uma folha do Relatório de Ocorrências dos agentes da Diretran, referentes ao dia 2 de outubro de 2010. Do relatório constam as atividades de cada viatura da Diretran em seu trabalho de fiscalização nas ruas e são fruto de comunicação via rádio dos agentes com a central.
Pois bem: naquela folha registra-se que uma caminhonete Tucson, placa AEQ-1112, flagrada em estacionamento irregular na Avenida Sete de Setembro, 5.388, estava sendo guinchada quando, às 12h53, brandiu no rádio da viatura 207 a ordem insólita de descer o veículo da plataforma e liberá-lo ao seu condutor. Quem deu a ordem? Está escrito no relatório que foi da diretora Rosangela Batistella.



