
Há dados preocupantes para a oposição na pesquisa Ibope/Gazeta do Povo divulgada no fim de semana passada. Se comparada à primeira rodada, de 11 de agosto, o índice que apresentou variações mais significativas para eles foi o da rejeição e é este o que mais conta na corrida eleitoral. Cientistas políticos sabem disso e os bons profissionais de marketing de candidatos também sabem mas estes preferem não falar publicamente sobre rejeições.
Num início de campanha, o candidato melhor colocado nas pesquisas não será, necessariamente o vencedor se, ao mesmo tempo, também detenha os mais altos índices de rejeição. Paulo Maluf, nas eleições paulistas, fornece um bom exemplo nesse sentido: já saiu disparado na frente em vários pleitos que disputou (para governador e prefeito) e acabou perdendo. Por quê? Porque seus índices de rejeição eram sempre muito altos.
O sentimento de rejeição é o oposto ao de adesão. A experiência indica que a adesão do eleitor a um candidato pode mudar. Assim, quem, no início de uma campanha, pensava em votar em fulano pode, no meio, mudar sua intenção em favor de sicrano e, lá no fim, até mesmo no dia da votação, acabar cravando o nome de um terceiro.
O mesmo, no entanto, não costuma ocorrer com a rejeição. O eleitor que já de início afirma não pretender votar "de jeito nenhum" em determinado(s) candidato(s) dificilmente muda de opinião ao longo da campanha. Por isso, a tendência mais freqüente é que as taxas de rejeição só aumentem durante o período.
Assim, felizes são os candidatos que conseguem a infalível combinação de altos índices de adesão com baixas taxas de rejeição. É exatamente o caso do prefeito Beto Richa, candidato à reeleição, que se mantém estável no patamar de 70% de preferência contra um máximo de 7% de rejeição. Como se vê na tabela acima, que considera apenas os candidatos que pontuaram na pesquisa, o mesmo não ocorre com os candidatos da oposição. Com exceção de Gleisi Hoffmann, que manteve sua rejeição em 20%, os demais se viram mais rejeitados na segunda rodada do Ibope do que na primeira.
O problema com que se defrontam é identificar as causas da rejeição. Às vezes essa é até uma tarefa simples, mas a solução, complicada, até mesmo impossível.
Nem sempre os fatores que levam à ojeriza que sofrem dos eleitores estão associados diretamente ao candidato, mas a situações externas. Por exemplo: para candidatos pouco conhecidos, o partido ou as correntes políticas a que pertencem pesam mais do que o desempenho pessoal. Caso típico nessa eleição é do candidato do PMDB. Além de desconhecido e de representar um partido desgastado, está identificado com o governador Roberto Requião, cujos índices de desaprovação são crescentes.



