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Saiu pela contramão

Por ter andado na contramão da história durante o curtíssimo período em que esteve secretário da Segurança Pública, o deputado Fernando Francischini deixou a pasta na última sexta-feira deixando para trás pegadas difíceis de ser apagadas. Além de ter gerado uma crise sem precedentes na Polícia Militar, comprometeu para sempre o já então enfraquecido prestígio político do governador Beto Richa.

A crise na PM, apesar de ter custado a cabeça do comandante César Kogut, foi rapidamente absorvida e superada pela união imediata da alta cúpula da corporação. Pelo menos 16 dos 19 coronéis da Polícia reagiram à bisonha tentativa de Francischini de fugir da própria responsabilidade. E não só apoiaram Kogut como também já estavam prontos para pedir aposentadoria caso o secretário não deixasse o cargo.

Sua saída pode ter devolvido merecida paz interna à PM, mas nem de longe resolve a outra questão: o governo Richa continuará eternamente manchado pela desastrada guerra contra professores no Centro Cívico no fatídico 29 de abril. A mancha poderá custar-lhe a carreira política.

Para ocupar interinamente a secretaria, Richa nomeou o delegado federal Wagner Mesquita, antes mesmo de requerer ao Ministério da Justiça a sua disposição funcional. Sem a publicação desse ato, será nulo qualquer mísero papel que Mesquita assinar no período em que estiver à frente do cargo.

Amigo pessoal do ex-secretário, ele já atuava na pasta, a convite de Francischini, no setor de Inteligência (era o homem que manuseava o temível sistema de escuta Guardião) e ficou famoso quando tentou emplacar a fantasiosa versão de que eram black blocs alguns estudantes e professores da UEL que derretiam em água inofensivas pastilhas de Alka Seltzer que usariam como antídoto contra efeitos das bombas de gás e spray de pimenta.

Richa ainda não sabe quem chamar para substituir o interino, mas já foi informado que terá de exonerar a esposa dele caso decida mantê-lo no cargo. É que dona Anna Paula Mesquita ocupa um DAS-5 na Sesp, nomeada em 21 de janeiro pelo amigo Francischini.

Todos esses, porém, são problemas menores para Beto Richa. Superada a crise da Segurança, o maior desafio a afligi-lo a partir de agora é tentar governar de modo a recuperar a própria imagem e, sobretudo (é o que mais interessa), o próprio estado, levado à desorganização da máquina e das finanças após uma gestão duvidosa.

Apesar do pedido de “compreensão” que divulgou pelo Facebook, não lhe será fácil fazer as pazes com a opinião pública, com o funcionalismo e com grande parte da bancada que deixou de apoiá-lo na Assembleia. Na tarefa de recolocar o Paraná na mão certa, precisará também pagar atrasados a fornecedores e servidores e equilibrar as contas. Nada indica, porém, que vá se arrepender do principal – da apropriação dos fundos da Paranaprevidência, pivô desses dias traumáticos.

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