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Celso Nascimento

Se Delazari não sabe, Requião sabe

Com a colaboração de pelo menos nove parlamentares situacionistas, a bancada da oposição conseguiu reunir 31 assinaturas em novo requerimento de convocação do secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, para dar explicações sobre a onda de violência no Paraná. Seriam necessárias apenas 28 assinaturas. O requerimento poderia ter sido aprovado ontem mesmo pelo plenário, mas o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli, conseguiu adiar a votação para a próxima terça-feira.

É tempo suficiente para várias coisas. Uma delas, é esfriar o clima de pavor e indignação que se instalou desde a chacina do fim de semana no bairro do Uberaba, em Curitiba. Outra, é esperar que o presidente da Assembleia, Nelson Justus, consiga amigavelmente que o secretário aceite convite para comparecer à Casa. E uma terceira, nada improvável, é convencer pelo menos quatro deputados a retirar suas assinaturas do requerimento, deixando-o com número insuficiente para tramitação. Nenhum das alternativas exclui a outra.

Interessante, porém, foi um dos argumentos usados por Romanelli para demonstrar a desnecessidade de Delazari ser submetido a uma sabatina pelos deputados. Segundo ele, o caso da chacina é fato para ser esclarecido pelo delegado de polícia encarregado das investigações e não do secretário.

Imbuídos do sentimento de caridade cristã, até seria admissível concordar com Romanelli no caso particular da chacina. Mas o problema é que o secretário deve explicações não apenas sobre este episódio, mas sobre todo o visível caos que tomou conta da segurança pública no Paraná. Os números divulgados pelo próprio governo confirmam: a criminalidade está crescendo em índices muito superiores do que os constatados em outros estados. Aliás, em outros estados com histórico brutal de violência, como Rio e São Paulo, as taxas estão diminuindo ano a ano e já são menores do que as paranaenses.

Romanelli lembrou bem: todas as semanas o governador Roberto Requião preside a reunião "mãos limpas", durante a qual se discute a questão da violência com autoridades de vários setores policiais e do Judiciário. De lá saem, de vez em quando, indignadas punições a humildes funcionários flagrados com a boca na botija. Quem sabe nunca discutam o principal. Então, talvez mais do que o secretário, é o governador que deve explicações à opinião pública.

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