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Uma prisão perigosa

No dia 31 de maio de 2011, o servidor Adeilton Joaquim Teles, escrivão de Polícia lotado em Foz do Iguaçu, foi premiado com uma promoção funcional. Pela portaria nº 1858, publicada no Diário Oficial, a partir de então ele passou a exercer a função de Chefe de Transporte da 6.ª Subdivisão Policial com sede na estratégica Tríplice Fronteira.

Na última terça-feira (29), Teles foi preso. Diretamente, nada a ver com a função de chefe do Transporte na delegacia. As razões são outras: numa operação do Gaeco descobriu-se seu envolvimento em vários delitos – fraudes em licitações, falsidade ideológica, associação criminosa, tentativa de obstruir o trabalho da Justiça e lavagem de dinheiro.

Ele participava, segundo consta, de irregularidades descobertas (também pelo Gaeco) na prefeitura de Foz – aquelas que motivaram a prisão e afastamento do prefeito Reni Pereira.

Mas há certas peculiaridades que, para quem está familiarizado com as atividades de Adeilton, podem levar o caso a se aproximar do Palácio Iguaçu. Algo parecido com o caso do fotógrafo “Tchelo” Caramori, preso em atividades ilícitas em Londrina que nada tinham a ver com o cargo que ocupava na Casa Civil. Da mesma forma, os chefes da Receita que, embora amigos do governador, agiam sem seu conhecimento para achacar empresários da região. Ou o primo distante que, mesmo sem nenhum cargo, traficava influências e fraudava licitações.

Em todos esses casos, o Gaeco começou investigações pelas “beiradas” e acabou chegando ao centro de situações escabrosas de corrupção. Nada indica que a prisão de Teles não venha a tomar o mesmo rumo, segundo insinuou à coluna um agente que há bastante tempo acompanha seus lépidos movimentos.

No começo da primeira gestão de Beto Richa, Teles recebeu da secretaria de Segurança Pública um veículo de luxo, Honda Civic, cor preta, placa fria, alugado de uma locadora de Curitiba.

Registros no Sinivem – Sistema Integrado Nacional de Identificação de Veículos em Movimento, controlado pelo ministério da Justiça – indicam que o Honda dirigido por Teles cruzou para o Paraguai e a Argentina centenas de vezes em curto período. Ora o carro não levava passageiros, ora levava e trazia alguns ilustríssimos e outros nem tanto. Transportava também pequenas cargas e valores. Apesar das estruturas oficiais de recepção a autoridades no aeroporto de Foz, o Honda também estava a postos e ganhava a preferência de alguns viajantes. Quem sabe pelo um sossego garantido aos passageiros necessitados de transporte seguro e muito discreto.

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