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Olho vivo

Deputado, eu?

O senador Flávio Arns (PSDB) irá se reunir nos próximos dias com José Serra, em São Paulo. Segundo o paranaense, só a partir desse encontro será possível começar a articular qual será o rumo escolhido por ele em 2010. Novato (de novo) no PSDB, ele já adiantou algumas decisões, todas elas por exclusão. Não será candidato a deputado estadual ou federal, como chegou a definir a direção estadual do partido. Pela lógica, só sobra mesmo o Senado.

Federais na Assembleia

Representantes da bancada paranaense no Congresso Nacional estarão hoje na Assembleia Legislativa, em Curitiba. Eles se encontram com os deputados estaduais para discutir as prioridades de investimentos para as 20 emendas de bancada que o estado tem direito no orçamento da União de 2010.

Roberto Requião (PMDB) foi convidado para o evento. Em quase sete anos de governo, porém, ele nunca foi a uma reunião do gênero.

Mudanças climáticas

Presidente da Comissão Especial de Fontes Renováveis de Energia da Câmara, o deputado paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB) garante que colocará em votação na próxima quarta-feira o relatório final do deputado Fernando Ferro (PT-PE), que reúne 18 projetos de lei sobre o assunto. A comissão está em funcionamento há um ano e deve propor a criação de um fundo de estímulo às energias renováveis, além de um programa público para compra desse tipo de energia.

Em outubro de 2010, a cabine eletrônica de votação tem tudo para funcionar como uma máquina do tempo no Paraná. Ao apertar os botões, o eleitor será jogado de volta para o passado. Mais precisamente, oito anos para trás.

A muito provável dobradinha José Serra/Beto Richa para presidente e governador não será novidade para os paranaenses. Ambos os tucanos já disputaram os mesmos cargos em 2002. Nos dois casos as lembranças podem não ser excepcionais, mas ajudam a traçar um panorama interessante do que vem pela frente.

Na época, levando-se em conta apenas a votação no estado, Serra não chegaria nem ao segundo turno. O paulista fez 1.367.384 votos (27% dos válidos), contra 2.540.328 votos de Lula (50,1%). No segundo turno, levou outra sova e perdeu por 59% a 41%. Beto também ro­­­dou logo na saída. Com 888.399 votos (17,2% dos válidos), acabou pre­­­terido pelos ex-governadores Alvaro Dias (31%) e Roberto Re­­­quião (26%).

Em 2002, Serra e Beto carregavam uma marca em comum. Os dois representavam governos desgastados por oito anos de mandato. O paulista era o homem da continuidade do projeto de FHC. Beto, o sujeito apoiado por Jaime Lerner.

É importante ressaltar que as derrotas trouxeram ensinamentos. Serra elegeu-se prefeito de São Paulo, depois governador, com vi­­­tórias acachapantes. Beto impediu o avanço da "onda Lula" em Curi­­­tiba, batendo Angelo Vanhoni (PT), em 2004, e prosseguiu com a maiús­­cula reeleição do ano passado.

Em 2010, no entanto, tudo será diferente. O PSDB é oposição em Brasília e no Paraná – bem mais na capital federal, é verdade...

Serra enfrentará um governo Lula sedento por fazer o sucessor e, possivelmente, muito bem avaliado. E se Requião não é assim um Lula, tampouco ficará abaixo dos 50% de aprovação popular.

A dúvida é saber qual será o rumo tucano. Afinal, a dupla não tem nada de novidade – além, é claro, da apresentação dos resultados das gestões pós-2002.

É só focar no caso paranaense. Há gente (muita gente) que insiste na tese de que Beto pode vencer a parada ainda no primeiro turno.

A conta é simples – repetir a per­­­formance do ano passado em Curitiba e tornar o prefeito conhecido no interior do estado. Aí é só surfar em uma provável onda pela renovação da política do estado e correr para o abraço. Ora bolas, mas Beto já não foi candidato a governador? Aliás, não é filho de José Richa, um dos políticos mais populares da história do Paraná?

O dilema da renovação faz lembrar um famoso jingle de campanha do próprio Beto, em 2002. O rap (muito bem feito, por sinal) tinha a seguinte rima: "Não dá para ficar parado, envolvido com as intrigas do século passado".

É verdade, Beto não é um candidato do século passado. Mas isso não significa que seja um mártir da nova política. Vale o mesmo para José Serra.

A expectativa é saber se os tucanos vão conseguir evoluir em relação ao discurso de "mudança", até porque os bons ventos da economia trazidos pelas atuais administrações são ruins para quem decidir encarar essa direção. Repetir mais do mesmo é dar força à eleição plebiscitária que Lula tanto deseja, uma armadilha que contrapõe estereótipos da esquerda desenvolvimentista contra a social-democracia neoliberal.

Escapar dessa arapuca será talvez a missão mais difícil para os tu­­­canos. Tanto quanto progredir e inovar de uma maneira concreta, não apenas nas musiquinhas de campanha.

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