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Nos corredores

Eleição na coordenação

O ano ainda não terminou e parlamentares paranaenses já começaram a se articular para a escolha do novo coordenador da bancada federal em 2012. Dentre os nomes cotados para substituir o atual coordenador, Fernando Giacobo (PR), estão os deputados Osmar Serraglio (PMDB) e Eduardo Sciarra (PSD). Acordo feito em março de 2011 determinou um rodízio anual para o cargo, sem possibilidade de reeleição.

Esticadinha

Os dois últimos deputados que ocuparam a coordenação ficaram mais que um ano no cargo: Dilceu Sperafico (PP) e Alex Canziani (PTB). Sem falar sobre 2012, Giacobo tem ressaltado que sua gestão terá um recorde de empenho das emendas de bancada. Ele estima que conseguirá empenhar cerca de R$ 120 milhões dos R$ 336 milhões previstos. Até quarta-feira, os empenhos estavam em R$ 13 milhões. O grosso das liberações deve ficar para os próximos dias.

Para que serve

O cargo de coordenador começou a despertar mais interesse entre os paranaenses a partir de 2007, quando Sperafico venceu uma eleição contra Rodrigo Rocha Loures (PMDB). A função, mesmo não sendo prevista formalmente no regimento do Congresso, é relevante e prática. Cabe ao coordenador se responsabilizar pelas emendas de bancada, agendar reuniões e fazer a interlocução com os governos estadual e federal.

Dos árabes que atearam fogo ao próprio corpo, passando pelos protestos de estudantes chilenos à ocupação de Wall Street e as manifestações na Europa contra a crise econômica mundial, 2011 foi o ano dos indignados. Cada um desses episódios (e outros tantos pelo mundo afora, como as marchas contra a corrupção no Brasil) tem nuances distintas, mas há um elo comum. As pessoas que foram às ruas escancararam uma epidemia de falta de identificação com quem deveria representá-las, os políticos.

O problema se alastrou por ditaduras como Líbia e Egito, mas não poupou democracias como Espanha e Grécia. Também atropelou ideologias distintas: houve países em que a esquerda foi substituída pela direita e vice-versa. Para fechar o ano, a dissolução da União Soviética completou duas décadas em dezembro com a Rússia mergulhada em um escândalo de fraude eleitoral.

Parece que o mundo está órfão da Guerra Fria, sente a falta de um Muro de Berlim para separar as coisas entre bem e mal, direita e esquerda. Só que as aparências enganam. Enquanto as sociedades estão cada vez mais sofisticadas, a política parou no tempo.

Em uma era de internet e hiperexposição nas redes sociais, ninguém mais tolera a falta de transparência, as mamatas e o lero-lero dos políticos. Há um novo atalho para fiscalizar e cobrar o poder público. Está bem mais difícil abafar as pressões contra o corporativismo, os autobenefícios – embora ainda exista a Coreia do Norte...

Por outro lado, é demasiado simplista acreditar na tese de que toda a convulsão é obra da internet. Ela é só uma ferramenta. A forma de viver das pessoas é que mudou mesmo.

No Brasil, os protestos foram bem mais amenos que no restante do mundo, mas a velocidade das mudanças sociais talvez seja até maior que a média. A ascensão da classe C é um fenômeno raro que nenhum partido político soube decifrar. Não se trata de um reles grupo que agora têm dinheiro para comprar geladeira e televisão.

A nova classe média é um tsunami prestes a atropelar um Estado obeso que não consegue servir aos brasileiros. Não estamos falando de esmola, mas da entrega de serviços para o qual a máquina estatal é muito bem paga com o dinheiro dos tributos. Não só essa gente, mas os brasileiros de uma forma geral querem soluções para os problemas do país e não embates inócuos.

O exemplo mais pertinente disso, ainda mais nesta época do ano, é o caos nos aeroportos. Enquanto o PT pisa em ovos para entregar à iniciativa privada os terminais de Guarulhos, Viracopos e Brasília, os tucanos (logo eles) ensaiam críticas às privatizações. Já o passageiro de qualquer classe quer apenas pagar um preço justo por uma viagem tranquila e eficiente.

Talvez essa seja a palavra-chave: eficiência. Ninguém contesta que o Brasil precisa continuar avançando na redução das desigualdades, mas também precisa entender melhor as demandas de todos os setores. Qualquer manifestação vista lá fora ao longo de 2011 cabe dentro do Brasil – é só lembrar que no Chile a educação pública é muito melhor que a nossa.

Ainda dá para esperar que os políticos captem a mensagem e entrem em sintonia com os novos tempos. Só não dá para esperar de braços cruzados. Este ano provou que indignar-se é o melhor remédio para manter a saúde da política mundial.

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