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André Vargas e o perde e ganha no Paraná

Entre idas e vindas que levaram a um estranho caminho da renúncia à renúncia, o deputado federal André Vargas virou carta fora do baralho da eleição de 2014, mas não da campanha paranaense. Ex-presidente do PT estadual, nome indispensável de qualquer articulação de alianças do partido até o mês passado, ele deixa um buraco no xadrez político local. Falta saber como esse espaço será preenchido.

Vargas era o plano B dos petistas para preencher a vaga de senador na chapa encabeçada por Gleisi Hoffmann para governadora. A primeira opção era Osmar Dias (PDT). Como o pedetista preferiu continuar como vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, o deputado subiu um degrau.

Quando era pré-candidato, Vargas gostava de mencionar que o cenário de longo prazo o favoreceria em uma disputa contra Alvaro Dias (PSDB), já escolhido na coligação do tucano Beto Richa. A tese remontava à eleição para o Senado de 2006, quando Gleisi, então uma personagem completamente desconhecida do eleitor paranaense, quase conseguiu evitar a reeleição de Alvaro. Ela fez 45,1% dos votos e ele, 50,5%.

A saída de Osmar e Vargas do páreo não é o maior problema. A encrenca é a herança deixada pela ligação do deputado com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava a Jato, da Polícia Federal. Mesmo que ele saia de cena, o fantasma das denúncias vai continuar assombrando os petistas até o começo das convenções partidárias, daqui a 50 dias.

Até lá, a legenda perde força em qualquer negociação. Fica praticamente inviável, por exemplo, apresentar Gleisi como uma alternativa para o PMDB. Aliás, os peemedebistas não parecem nem dispostos a colocar essa opção em votação – a decisão deve ficar apenas entre coligação com o PSDB de Richa ou candidatura própria com Roberto Requião ou Orlando Pessuti.

Gleisi também vai precisar carregar a cruz de precisar falar, a todo momento, o que pensa do caso Vargas. Por mais que ela não morra de amores pelo colega de partido, qualquer resposta não será suficientemente satisfatória. O questionamento não é um massacre, é a lógica plena do "diga-me com quem andas"...

Por mais que pareça que toda essa situação fortaleça diretamente a dobradinha Richa/Alvaro, o cálculo é mais complexo. O eleitor paranaense que estava propenso a votar nos petistas, mas que se decepcionou com o episódio Vargas, não migra de uma hora para outra para o lado oposto. A tendência é que fique pelo meio do caminho.

Por isso quem mais ganha espaço no meio dessa confusão é uma possível terceira via, seja com Requião ou com algum outro nome, como o empresário Joel Malucelli (PSD) ou o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Como Eduardo Campos e Marina Silva (PSB) já perceberam no cenário nacional, cada novo escândalo abre campo para quem se propuser a rachar a polarização.

Independentemente do desfecho, o caso Vargas alterou o panorama de tudo o que virá pela frente na disputa pelo Palácio Iguaçu. Gleisi, que já não era favorita, vai precisar tirar muitos coelhos da cartola para superá-lo. A curto, médio e longo prazos.

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