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Nos corredores

Osmar e Stephanes

Sempre cotados para o Ministério da Agricultura, os paranaenses Osmar Dias e Reinhold Stephanes se encontraram ontem pela manhã em Brasília. Osmar disse ao colega que sentiu muito por ele não ter sido indicado para o lugar de Wagner Rossi. Stephanes foi procurado por jornalistas na noite de quarta-feira como possível substituto, mas não recebeu nenhum telefonema da cúpula do PMDB.

Crédito agrícola

Vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil desde abril, Osmar já tem compilado números sobre sua gestão. Segundo ele, o crédito destinado aos produtores rurais nos últimos cinco meses subiu 26,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, o volume desses recursos chegou a R$ 81,5 bilhões.

Orgulho familiar

Após quase 11 meses sem falar com a imprensa sobre as eleições do ano passado, Osmar voltou a tratar o tema na segunda-feira, em entrevista que será publicada no domingo pela Gazeta do Povo. O ex-senador disse que saiu de cabeça erguida da derrota para Beto Richa e com o orgulho da maior parte dos familiares. "Da minha família inteira não, mas da minha família", disse.

Sempre CPI

Embora distante da política por exigência do estatuto do Banco do Brasil, Osmar tem acompanhado as denúncias que envolvem a Câmara de Vereadores de Curitiba. Segun­­­do ele, é "obrigação" dos três vereadores do seu partido, o PDT, apoiar a CPI para investigar Derosso. "Assim como eles também deveriam ter apoiado a CPI dos radares", completou.

Dilma Rousseff não pode confundir uma limpeza "ética" com uma limpeza "étnica" no governo. O trocadilho partiu do deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ) na quarta-feira, horas antes do pedido de demissão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. São palavras quase proféticas.

Rossi despediu-se da Es­­planada com uma carta melancólica. Disse ser vítima de uma "campanha insidiosa", a qual respondeu com "documentos comprobatórios" que a imprensa "solenemente ignorou". Ao final, disse confiar que a "querida" presidente vai superar o período de sordidez.

Dilma respondeu com um comunicado surpreendente. Falou que lamentava a saída de Rossi, "que deu importante contribuição ao governo". Também reclamou que o ex-ministro não contou "com o princípio da presunção da inocência".

De volta ao jogo de palavras, é bom lembrar como foram as notas oficiais do Palácio do Planalto sobre as três demissões anteriores à de Rossi. Um texto divulgado no dia 7 de junho também dizia que a presidente lamentava a "perda de tão importante colaborador". Tra­­­tava-se, é claro, do petista An-­­­ tonio Palocci.

Um mês depois, Alfredo Nas­­­cimento foi varrido do Ministério dos Transportes. Para o presidente do Partido da República (PR), nada de colocações açucaradas. O único comunicado formal sobre o assunto só saiu cinco dias depois – tinha três linhas, não mencionava Nascimento e dizia que Paulo Passos havia aceitado o convite para assumir a pasta.

No dia 4 de agosto, foi a vez de Nelson Jobim ser rifado do Ministério da Defesa. Das quatro baixas, foi a única que não envolveu denúncias de corrupção. Peemedebista, mas sem vínculos com a atual cúpula do partido, Jobim também não foi agraciado com termos de agradecimento por meio de uma nota oficial.

Na prática, esses textos significam muito pouco, mas expõem a questão "étnica" à qual se referiu Chico Alencar. Eles desnudam o tratamento diferenciado na tal faxina de Dilma. Quem é puro-sangue, ou melhor, sangue-azul, é digno de lamentações – já os vira-latas...

Afinal de contas, é bem mais fácil brigar com os cachorros pequenos. Não que o PR não mereça um puxão de orelha, mas o partido não tem condições numéricas de peitar o Planalto no Congresso Nacional. Por isso reagiu vergonhosamente posicionando-se apenas como "independente" (leia-se amigo colorido do governo), ao invés de partir direto para a oposição.

Mas há uma metáfora ainda melhor. A diferença de tratamento fica mais evidente na destinação do material expurgado na limpeza. Quando se trata de PT e PMDB, tudo é reciclável, enquanto o resto é lixo úmido, vai para a vala comum.

Foi exatamente o que aconteceu com a troca na Agricultura. Saiu um apadrinhado do vice-presidente Michel Temer e quem indicou o substituto, Mendes Ribeiro, foi a bancada peemedebista na Câmara dos Deputados. Para quem não lembra, Temer presidia o PMDB e a Câmara dos Deputados até o ano passado.

Assim fica difícil saber até onde vai a faxina de Dilma. É louvável que a presidente se coloque como alguém intolerante à corrupção. Preocupante é não ter certeza do que ela realmente entende como sujeira.

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