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Nos corredores

Pequena dívida

Coordenador da bancada catarinense no Congresso Nacional, o deputado federal Marco Tebaldi (PSDB) cobrou o que chamou de "pequena dívida" do Paraná em jantar com parlamentares dos estados do Sul, promovido pelas federações das indústrias, na semana passada, em Brasília. "Quando construí a Arena Joinville, não era para aquele objetivo", disse o tucano, ex-prefeito da cidade, sobre a briga entre torcedores de Atlético e Vasco.

Só Requião

No encontro com os representantes da indústria, a mesa para autoridades reservava dois lugares para senadores paranaenses – um para Alvaro Dias (PSDB) e outro para Sérgio Souza (PMDB). O único que apareceu foi Roberto Requião (PMDB).

PMDB 2014

Na manhã seguinte ao jantar, cinco dos seis deputados federais do PMDB do Paraná tiveram reunião com a ministra Gleisi Hoffmann (PT). Na semana anterior, a bancada do partido na Assembleia esteve com o vice-presidente Michel Temer. Após tantas discussões, o PMDB segue com a mesma ordem de afinidade para 2014: aliança com Beto Richa (PSDB), candidatura própria com Requião e coligação com Gleisi.

Como grande parte dos brasileiros, sou doente por futebol. Mas entendo perfeitamente aqueles que não são. Todo sujeito tem o direito de gostar mais ou menos, detestar ou ignorar o que acontece nos campeonatos.

Vejo como uma decisão de foro íntimo, entre tantas outras na vida. Quando você gasta seu tempo com futebol, mesmo que seja apenas pela televisão, está lidando com um negócio privado. Temos clubes para torcer – e não entidades públicas.

Quase tudo já foi falado sobre a selvageria entre as torcidas de Atlético e Vasco em Joinville. Dizem que a pancadaria só tomou aquela proporção porque não havia policiamento separando os anjinhos de ambos os lados. Paranaenses e cariocas quebraram o pau em um lugar fechado, onde só entra quem paga ingresso e a culpa foi da Polícia Militar de Santa Catarina.

Imagine-se como uma mãe joinvilense que mora em um bairro barra pesada da periferia da cidade. No domingo à tarde, o passatempo dos bandidos da região é caçar confusão nas ruas. É mais justo que a polícia proteja os filhos dela ou seja deslocada para evitar o conflito de forasteiros em um ambiente privado?

Pode não parecer, mas estamos entrando em um debate eminentemente político – o que devemos considerar como prioridade em nosso convívio social. Se o dinheiro público precisa ser usado para o bem público, logo, é necessário tomar decisões coerentes.

Será que Joinville (pode trocar por Curitiba) precisa na verdade de mais policiais? E de onde tirar esse dinheiro, da verba das escolas, dos hospitais? As respostas para essas perguntas deveriam ser simples, mas não são.

No mesmo dia do fatídico jogo, a Folha de S. Paulo divulgou uma pesquisa sobre o posicionamento dos brasileiros em relação ao papel do Estado. O resultado mostra uma população rachada: para 47%, quanto mais benefícios receber do governo, melhor, para outros 47%, quanto menos a pessoa depender do governo, melhor.

Os números comprovam que metade do país acredita em um Estado capaz de tudo. É a escolha mais cômoda. E a menos sensata: não precisa ser um gênio da matemática para entender que, dentro da realidade nacional, não dá para garantir um policiamento decente no estádio e na periferia ao mesmo tempo.

Na trilha da pós-barbárie de Joinville, o governo federal também fez a opção que melhor lhe convém. Na semana passada, reuniu quase uma dezena de entidades para discutir um pacote antiviolência no futebol. Na verdade, empacotou medidas velhas como a criação de juizados e delegacias especiais para os torcedores brigões.

Além disso, manteve a interpretação de que a segurança, dentro e fora dos locais de eventos esportivos, cabe ao poder público. A pegadinha da história é que quem vai arcar com esses gastos são as administrações estaduais. Brasília teve as ideias geniais, mas elas só saem do papel se os governadores bancarem.

Mudam-se as instâncias, mas de um jeito ou de outro a sociedade vai continuar pagando a conta deixada pelos vândalos nos estádios. Isso inclui todos aqueles que jamais foram a uma arquibancada, nem têm a pretensão de ir um dia – talvez pelo simples fato de que nunca vão ter dinheiro sobrando para comprar o ingresso. Daqui a pouco, só falta o Estado escolher o time que você deve torcer.

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