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Nos corredores

Contagem regressiva

PDT e PT podem fechar em definitivo a aliança para a disputa estadual ainda nesta semana. Durante o Congresso Nacional do PT em Brasília, há dez dias, a expectativa era de que a "carta de princípios" entre os dois partidos fosse finalizada até a semana passada, o que não ocorreu. O acordo final, que se arrasta há um ano, ganhou força com o lançamento da pré-candidatura do prefeito Beto Richa (PSDB).

Mais Dilma

Antes considerada um fardo nas negociações com os pedetistas, a presidenciável Dilma Rousseff começa a mudar de figura. O mito é que apenas o tucano José Serra ou o presidente Lula seriam capazes de atrair votos para os candidatos a governador no Paraná. Pesquisa do Datafolha aponta que ela tem 28% das intenções contra 32% de Serra. Se somados os votos ainda transferíveis de Lula, ela pode começar a campanha com mais de 40%.

Efeito pendular

Apesar do crescimento de Dilma, há tucanos que ainda estão tranquilos sobre a estratégia de Serra de não se posicionar como candidato. Segundo o deputado federal Gustavo Fruet, a situação voltará a ficar sob controle quando Serra deixar o governo de São Paulo, dentro de um mês. "Campanha é como um pêndulo. Agora o PSDB está em baixa, mas a situação com certeza muda."

Serão no mínimo curiosas as reuniões semanais de líderes do Senado a partir de maio. Dá para imaginar o nó na cabeça do presidente José Sarney (PMDB-AP) quando se sentar com dois irmãos de lados opostos – o governista Osmar Dias (PDT) e o oposicionista Alvaro Dias (PSDB). Cena estranha até para quem está há cinco décadas sem largar o osso na política nacional.Para entender o caso, só recorrendo ao passado.

Osmar ocupa a liderança pedetista há dois anos. O partido está longe de ser uma potência, mas seus seis senadores são fundamentais para engrossar a base do governo na Casa. Mantê-los alinhados ao Palácio do Planalto é uma das garantias para evitar apuros nas votações, como queda da CPMF em 2007.

Também vale lembrar que o PDT é o partido original da candidata petista Dilma Rousseff. E que o presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, é ministro do Tra­­­balho. Ou seja, não há como dissociar a legenda do governo.

Do outro lado, Alvaro foi o único tucano que nunca baixou os ataques a Lula. Arthur Virgílio, o atual líder do PSDB, desgastou-se na luta para derrubar Sarney no ano passado. Envolvido ele próprio nos escândalos administrativos da Casa, foi obrigado a sair de cena aos poucos para não comprometer a reeleição no Amazonas.

De saída da função, Virgílio foi o autor da declaração mais emblemática sobre a troca de liderança dos tucanos. "É fundamental que o líder não seja candidato", disse, na última terça-feira, após a reunião do partido que oficializou a substituição dele por Alvaro. O problema é que o colega não havia sinalizado publicamente que desistiu de concorrer ao governo do Paraná.

É bom lembrar que a decisão foi tomada um dia depois de o diretório estadual do PSDB escolher o prefeito Beto Richa como pré-candidato ao Palácio Iguaçu. A pré-convenção, segundo Alvaro, foi ilegal. Por enquanto, o senador garante à imprensa que vai disputar a convenção definitiva de junho.

Na prática, fustigar Richa é uma maneira de Alvaro fortalecer a candidatura do irmão. A questão é que não sobram alternativas a Osmar. Ele terá de formar um bloco de esquerda, amparado pelo PT, para fazer frente ao prefeito.

Nos bastidores de Brasília, é dado como garantido que Alvaro terá um papel importante na coordenação da candidatura presidencial de José Serra. O mais provável seria o comando da campanha na Região Sul. O dilema será como agir a partir disso: usando critérios familiares ou partidários.

Na briga pela pré-candidatura, Alvaro começa a trilhar um caminho de afastamento sem volta do grupo ligado a Richa. O clima ficou ainda pior por ele não ter comparecido à reunião da semana passada. Do outro lado, será difícil equilibrar as novas responsabilidades no PSDB com um possível apoio a Osmar.

Alvaro, ao que tudo indica, tende a ficar isolado. Ou melhor, optar pelo isolamento. A partir de maio, será o tucano mais lembrado de Brasília porque ganhará autonomia para malhar ainda mais o governo. Já no Paraná, o peso político deve diminuir.

Sobre o curioso caso dos irmãos Dias no Senado, o diagnóstico preciso do que irá acontecer só sairá a partir de maio. Ainda assim, o episódio vai durar pouco tempo. Sete meses depois, apenas um deles continuará na Casa.

Resta saber se o destino de Osmar será o Palácio Iguaçu ou o ostracismo.

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