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Nos corredores

Próximos capítulos

Após a aprovação no Conselho de Ética, o processo de cassação do deputado federal André Vargas só deve ter novidades na semana que vem, durante o esforço concentrado marcado para os dias 2 e 3 de setembro. A expectativa é que, em uma dessas datas, a Comissão de Constituição e Justiça julgue o recurso da defesa do ex-petista. No plenário, a decisão final deve ficar só para depois da eleição.

#chateado

Vargas ficou particularmente aborrecido com a atuação do também paranaense Rubens Bueno (PPS) na votação no Conselho. O ex-petista chamou de "troca vergonhosa" a manobra que incluiu Bueno como um dos membros do grupo durante a sessão. O líder do PPS ocupou uma das vagas ainda não ocupadas pelo PSD.

Primeiro do Paraná

Se for cassado em plenário, Vargas será o primeiro deputado federal paranaense a perder o mandato por quebra de decoro em 13 anos de funcionamento do Conselho de Ética. Em 2005, José Janene (PP) foi cassado no Conselho de Ética, mas absolvido em plenário.

Dois levantamentos publicados recentemente pela Gazeta do Povo deveriam ser fundamentais para o debate eleitoral no Paraná. Ambos indicam que o estado sofre um sério apagão de investimentos públicos. E sem obras de infraestrutura não dá para se manter competitivo por muito tempo.

O primeiro estudo mostra que, entre 2002 e 2013 (12 anos seguidos), o Paraná variou entre 23º e 25º no ranking de investimentos por habitante feitos pela União nas unidades da federação. Ao longo desse período, o paranaense pagou em média R$ 42,6 em tributos federais para receber R$ 1 de volta em obras. Ficou em 24º nessa correlação.

Note que o período abrangido é longo e pega o último ano de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na Presidência (2002) e o orçamento aprovado por ele e executado no primeiro ano da gestão do petista Lula (2003). Ano a ano, nunca houve sinais de melhora. Lembre-se que Jaime Lerner (1995-2002) era aliado de FHC e Roberto Requião (2003-2010) de Lula.

A constatação é que o Paraná não virou "patinho feio" da federação porque Beto Richa (PSDB) faz oposição ao PT de Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann. O fato é que sempre foi. Mudar isso exige uma postura muito mais firme do que se vitimizar, algo que nenhuma das últimas três administrações estaduais e federais se propuseram a fazer (são os números que dizem).

O outro dado publicado pela Gazeta mostra como o estado faz a lição de casa com suas próprias contas. Na média entre 2009 e 2013, o Paraná foi a segunda unidade da federação que menos priorizou investimentos em relação ao total das despesas. A cada R$ 100 empenhados pela administração estadual no período, apenas R$ 4,90 foram destinados a obras e compra de equipamentos.

A proporção corresponde à metade da média das demais unidades da federação, de R$ 100 para R$ 9,7. O levantamento abrange os últimos dois anos do governo Requião (2009 e 2010) e os três primeiros de Richa (2011 e 2013). E tem mais uma curiosidade: ao longo desses cinco anos, o Paraná foi o estado que registrou o maior aumento de receita corrente líquida (soma da arrecadação dos tributos estaduais e transferências da União) – ou seja, não tem a desculpa de falta de caixa.

A combinação dos dois levantamentos é fatal. Juntos, os investimentos federais e estaduais empenhados no Paraná em 2013 somam R$ 2,8 bilhões. Se todos esses recursos, destinados a 399 municípios, fossem usados apenas para construir o metrô de Curitiba, ainda faltaria mais R$ 1,7 bilhão.

Que fique claro: os números são referentes ao que o governo gasta com obras ou compra de equipamentos. Ou seja, há uma prioridade para despesas com pessoal e custeio da máquina. No fundo, é como se você ganhasse aumento todo ano e gastasse tudo contratando mais uma empregada doméstica, falando mais ao telefone e deixando a luz acesa até mais tarde, ao invés de aumentar a casa ou comprar um computador novo para o seu filho estudar.

Sem investimento, não há infraestrutura. E sem infraestrutura, planos de incentivo fiscal para atrair a iniciativa privada são apenas muletas. Finalmente, lembre-se que tudo isso é dinheiro público, ou seja, você tem todo direito de opinar sobre o que fazer com ele. A hora de cobrar é agora.

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