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Tapeçaria Fruet

Em meados de 2010, Gustavo Fruet fazia graça de si mesmo ao se referir à relação com o PSDB. "Acho que vou montar uma fábrica de tapetes", dizia, citando as inúmeras vezes em que teve o dele puxado pelos tucanos – seja no plano nacional ou local. A piada fazia sentido, mas não apenas naquele momento.

O prefeito eleito de Curitiba construiu uma trajetória política marcada pelos mais diversos tipos de sabotagens, de adversários e "amigos". Começou em 2004, quando tentou ser candidato à prefeitura pela primeira vez pelo PMDB e esbarrou em Roberto Requião. Piorou com a mudança para o PSDB, um ano depois.

Após se destacar como sub-relator da CPI dos Correios, Fruet foi escalado para uma tarefa indigesta: concorrer ao governo do estado contra Requião, cuja gestão batia recordes de aprovação popular. Na época, o então senador Osmar Dias (PDT) era o nome mais forte da oposição, mas enfrentava problemas de saúde e protelava a decisão o quanto podia. Fruet aceitou a missão, mas tudo mudou quando Osmar oficializou a candidatura.

Acabou se reelegendo para o Congresso Nacional como o deputado mais votado do estado. Em fevereiro de 2007, foi jogado de novo na fogueira na disputa pela presidência da Câmara. Em uma manobra orquestrada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB decidiu marcar posição e, mesmo com chances remotíssimas de vitória contra dois candidatos governistas, lançou Fruet.

O paranaense somou 98 votos no primeiro turno, contra 236 de Arlindo Chinaglia (PT-SP) e 175 de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Tudo poderia ter sido diferente se a bancada de 65 deputados do PFL (atual DEM), segundo maior partido da oposição, tivesse apoiado Fruet e não Rebelo. Ao final, Chinaglia ganhou o pleito no segundo turno.

Mais dois anos se passaram e Fruet recebeu o convite para ser o primeiro vice-presidente nacional do PSDB. Foi preterido pela então senadora Marisa Serrano (MS). Ficaria então com a secretaria-geral do partido, mas novamente perdeu a vaga para o deputado mineiro Rodrigo de Castro, indicado de Aécio Neves.

Como prêmio de consolação, seria indicado para a liderança da legenda na Câmara, promessa que também não foi cumprida. Em 2010, disputou a indicação interna do partido para concorrer ao Senado, mas a decisão da cúpula estadual foi reservar as vagas na chapa para Ricardo Barros (PP) e Osmar Dias. Fruet já fazia campanha para reeleição a deputado quando Osmar decidiu ser candidato a governador contra Beto Richa.

A pedido do PSDB, Fruet se lançou ao Senado e integrou uma chapa às pressas. Perdeu para Requião e Gleisi Hoffmann (PT). Sem mandato, queria se manter ativo como presidente estadual do PSDB e, depois, como presidente da legenda em Curitiba. Fritado por Richa a fogo baixo, não levou nem um nem outro.

No ano passado, foi parar no PDT e começou a dialogar com os petistas para a formação de uma aliança destinada a disputar a prefeitura em 2012. Foi uma opção arriscada, questionável, difícil de explicar. O fim da história todo mundo sabe.

Por linhas tortas, Fruet costurou um tapete que, pelo menos por enquanto, não saiu do lugar.

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