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A presidente Dilma Rousseff não tem boas relações com o capital privado, seja da indústria, da agricultura ou do setor financeiro, certo? A insatisfação é cada vez mais explícita e preocupa os arquitetos de sua campanha à reeleição.

Tanto que o ex-presidente Lula da Silva aconselhou a sucessora a ser mais amável na fala, nos gestos e nas decisões relativas ao empresariado. Dilma tentou um movimento aqui, outro ali, mas o ambiente continua arisco.

Nesse espaço, os dois prováveis oponentes, Aécio Neves e Eduardo Campos, têm trabalhado com afinco e sem trégua. Rara a semana em que não há notícia de uma reunião do senador de Minas Gerais e do governador de Pernambuco com um grupo de empresários ou investidores.

Ainda que de maneira discreta, ambos têm colhido senão adesões entusiasmadas, inequívocos sinais de simpatia. Aproximam-se de um grupo do qual Dilma se distanciou. Isso tudo é fato.

Agora, uma suposição: caso sejam consolidados os bons humores de um lado (da oposição) e os maus de outro (do governo) nesse período que antecede o início oficial das campanhas, é de se imaginar que a disposição das empresas para ajudar financeiramente este ou aquele candidato seja influenciada pelos fatores de confiança, simpatia e identificação programática.

As empresas em geral dividem suas doações entre as várias forças, mas tendem a contribuir com aquelas que lhes pareçam em melhores condições de retribuir a ajuda.

E aqui não falamos – ou melhor, não entraremos no mérito – das chamadas "relações perniciosas" para não criminalizar desde já um sistema por ora legal nem misturar financiamento contabilizado com uso de caixa dois.

Ora, se o empresariado está insatisfeito com o modo Dilma Rousseff de governar e vier a se convencer de que Aécio ou Campos podem representar alternativas mais condizentes na perspectiva deles, é de se imaginar – mais, de se acreditar que os candidatos a oponentes estejam investindo nisso – que conseguirão arrecadar bom dinheiro com esse pessoal.

Isso não interessa ao PT, bastante satisfeito que está na proibição de doações por pessoas jurídicas. Claro, o partido tem posição favorável ao financiamento público e aqui estaria aberta uma porta para se tentar chegar lá.

Mas, ao mesmo tempo, se proibido o financiamento empresarial valendo já para 2014 – o que é factível, pois a discussão no Supremo Tribunal Federal não se concentra na legislação eleitoral que exige anterioridade de um ano para entrar em vigor –, os candidatos de oposição ficariam desprovidos dessa fonte de recursos.

O baque também atingiria a campanha do PT, é verdade, o partido tem sido o mais beneficiado pelos donativos. Em contrapartida, está no poder e tem muito mais condições de mobilizar pessoas físicas para doar.

Aliás, pessoas nem tão físicas assim. Funcionários terceirizados da Petrobras, por exemplo. Podem ser convocados pelo partido a dar um dinheiro cada um, coisa pouca, mas que somado ao volume de gente com interesse em que o PT continue sendo governo para não perder o lugar, vira muita coisa.

Esse dinheiro vem do Estado. Bem como viriam do Estado recursos doados por pessoas físicas ocupantes de cargos de confiança, cuja boa vontade em contribuir seria motivada pelo mesmo sentido de permanência.

E os filiados a sindicatos e entidades que recebem substanciosas verbas governamentais? E por que não pensar no público de 12 milhões beneficiados pelo programa Bolsa Família devidamente instruídos a separar uns R$ 20 ou R$ 30 para não correrem o risco de vir a perder o benefício se eleito alguém da oposição? São meras hipóteses. Mas demonstram que o fim das doações corporativas por si só não asseguram o equilíbrio de condições aludido pelos defensores da proibição.

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