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Memória do Povo

Está na rede um site colaborativo em que o cidadão pode incluir perfis de personalidades públicas e publicar notícias a respeito delas. A página http://www.memoriadopovo.com/ foi criada com o objetivo agrupar informações sobre figuras públicas de modo organizado, servir de fonte para avaliar políticos em período eleitoral e para fiscalizar se denunciados são punidos pelos seus atos. Bela maneira de compartilhar a construção da memória pública.

*Publique-se*

Mande e-mails – rhodrigodeda@gmail.com; publique no Twitter (#ocorodamultidao) ou na página da coluna no Facebook (digite "O Coro da Multidão" da barra de pesquisa)

A "brincadeira" feita no Facebook pelo vereador Julio Cesar Sobota (PSC), que pediu um atestado médico falso para faltar à sessão da Câmara Municipal de Curitiba e ir a um jogo do Atlético Paranaense, foi um mal menor cometido pelo parlamentar. Foi insignificante, se comparado à falta de responsabilidade dele e dos demais vereadores da Câmara de Curitiba ao não fiscalizar a Casa, após denúncias de irregularidades em contratos de publicidade que envolvem o presidente licenciado João Cláudio Derosso (PSDB). Entretanto, mesmo assim, a atitude de Julio Sobota merecia censura, em especial dos cidadãos que o elegeram. Porém, em todo esse episódio, o que se viu foram dezenas de eleitores apoiando a má conduta do vereador.

Em 1.º de fevereiro ele faltou à sessão da Câmara, mas foi a um jogo do Atlético no Ecoestádio. Segundo a Gazeta do Povo, a assessoria do parlamentar havia informado que o vereador, conhecido pelas torcidas como o Julião da Caveira, esteve ausente porque tinha ido a uma consulta médica. A matéria rendeu a Julião dezenas de mensagens de apoio. Internautas concordavam com a conduta do vereador e publicavam "Isso aí gordão, nosso vereador tem mesmo que ir pro jogo do furacão", ou "Não mude por causa de política".

Porém, pego no pulo, na semana passada Julio Sobota preferiu ridicularizar a imprensa. Na terça-feira, dia 7, publicou no Facebook uma mensagem mal educada, em que pedia um atestado médico para faltar trabalho e ir ao jogo do Atlético no dia seguinte. A Gazeta do Povo reproduziu a mensagem de Julião. Nela se vê que pelo menos 163 internautas curtiram o comentário de "Da Caveira".

Infelizmente, os torcedores-eleitores cometeram um equívoco. O comportamento do parlamentar do PSC nada tem de elogiável. Pelo contrário. Por mais fanático que alguém seja, é impossível aceitar como correto o comportamento de Julião. Ele foi eleito para estar na Câmara, participando de votações e discutindo políticas para a cidade. Jogo, só fora do horário de expediente. É isso que se espera de qualquer homem público.

Houve uma confusão indevida entre o mundo do futebol, onde Julião desempenha papel de líder de torcida organizada, e a vida pública, em que se espera que exerça seu mandato com responsabilidade. Estivesse Julião da Caveira na iniciativa privada, ele responderia perante o seu empregador. No setor público, o seu patrão é a população curitibana, que arca com impostos para que representantes eleitos possam fazer o controle do Poder Executivo. Assim, era de se esperar que não houvesse dúvidas de que o comportamento de Julião foi inadequado. Os comentários do vereador não foram simplesmente deselegantes com a imprensa, mas com os eleitores de Curitiba.

O apoio a essas atitudes do vereador é sintomático. Demonstra que há eleitores de Julião que não sabem para que serve um vereador. Agiram como torcida, quando deveriam ter pensado como cidadãos.

Em todo esse episódio a mídia esteve do lado dos cidadãos. Nada mais fez que questionar o vereador a respeito de um comportamento que não corresponde com o que se espera de representantes eleitos. Julio Sobota foi procurado pela imprensa para que explicasse tanto a sua falta na Câmara como a subsequente publicação mal educada. Aquilo que classificou como um "xaropear" da imprensa, era o mero exercício do dever de fiscalização do mandato, pautado pela concepção de que cargos públicos devem ser exercidos com responsabilidade. Em vez de impropérios, a imprensa merecia elogios. Inclusive dos eleitores de Julio Sobota.

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