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Crise de responsabilidade

Uma crise de responsabilidade toma conta atualmente dos governantes no país. O fato por si só já seria trágico, não estivesse a irresponsabilidade atingindo também as militâncias partidárias.

No governo federal, ninguém assume a responsabilidade pela dilapidação do patrimônio público investido na Petrobras. No caso da estatal, o produto do crime existe e está sendo repatriado ao país. Só o ex-diretor Pedro Barusco está devolvendo à empresa R$ 157 milhões que estavam em contas na Suíça. As evidências mostram que o esquema envolvia partidos, empresários e operadores, em moldes que lembram o mensalão. Até o momento é difícil saber se algum político irá ser denunciado e condenado. Além disso, nem a presidente Dilma Rousseff nem o PT assumem sequer parte da responsabilidade pelo aparelhamento político ocorrido na Petrobras.

No Paraná, até o momento ninguém se sente responsável pela violenta repressão de professores na semana passada, que resultou em mais de 200 feridos. Durante audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado, realizada quarta-feira (6), o presidente da Juventude do PSDB do Paraná e assessor especial do governo, Edson Lau Filho, responsabilizou os sindicatos, “mestres na arte da vitimização e do drama”. Lau Filho não fez menção nenhuma aos excessivos meios empregados nem à necessidade de responsabilização dos que determinaram o uso de violência generalizada.

Em entrevista, o secretário Fernando Francischini deu a entender que a Polícia Militar agiu por conta. Ele não teria nenhuma responsabilidade pelo ocorrido. A cúpula da PM emitiu nota desmentindo o secretário e afirmando que ele não só sabia como aprovou o plano de ação. Já o governador Beto Richa, em entrevista logo após a ação policial da semana passada, isentou a PM de responsabilidade, culpando baderneiros e black blocs.

Ao mesmo tempo, entre as truculências contra professores no Paraná e os desvios bilionários na Petrobras, a sociedade tem assistido a um amplo e perverso debate nas redes sociais. Amplo (o que é bom) porque o “comentarismo” político caiu no gosto do povo. É a democratização da opinião. Perverso porque a desinformação e o dogmatismo são a tônica dominante, especialmente usados por hordas de militantes, que usam as redes para justificar comportamentos condenáveis de governantes.

O resultado dessa combinação de irresponsabilidade política, conivência da militância e campanha de desinformação nas redes sociais é explosivo. Tenta-se atingir reputações, em vez de assumir responsabilidades e prestar contas à sociedade. É uma crise de valores sem precedentes, que terá de ser resolvida pela sociedade.

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