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As enormes transformações geradas pelo avanço da inteligência artificial impõem mudanças ágeis e drásticas na forma de ensinar e aprender. A notícia de que o Watson, uma plataforma de inteligência artificial da IBM, substituiu recentemente 34 funcionários de uma empresa de seguros no Japão é o começo de uma revolução cujas consequências para o emprego não são desconhecidas.

É certo que diversas profissões irão desaparecer e outras surgirão nos próximos vinte anos. Mas não se sabe se os novos empregos vão ser gerados na quantidade suficiente para atender as novas levas de jovens que ingressarão no mercado de trabalho. Não se sabe também se os enormes contingentes de humanos substituídos por máquinas inteligentes irão conseguir se reposicionar no mercado.

Nesse cenário, é preciso mudar a educação para evitar um desastre. Hoje a inovação nessa área tende a vir primordialmente de startups, empresas de impacto social e entidades do terceiro setor. Isso porque uma reforma ampla do ensino brasileiro tem frequentemente sido travada por um debate interminável. Discute-se muito se a tecnologia deve ser inserida nos programas de aprendizado, em que medida são relevantes e a partir de que idade se deve começar.

Há um debate rico e acalorado, mas pouco se faz para concretizar uma reforma educacional orientada para o futuro. Atualmente é muito difícil se obter consenso sobre quais competências devem ser o foco da aprendizagem, a fim de que crianças e jovens sejam educados para as profissões do século 21, que exigirão amplos conhecimentos em tecnologia, matemática, ciências, engenharia, artes e design.

Além de estarem livres dos debates que exaurem as energias dos especialistas no setor público, empresas e ONGs têm como vantagem adicional a inexistência de amarras para criar abordagens inovadoras, além de possuírem maior agilidade para criar produtos e experiências de aprendizado. Mesmo assim, nem de longe o setor é um paraíso na Terra. Frequentemente elas veem grande dificuldade em suas tentativas de comercializar produtos com as grandes redes de educação e com a administração pública.

Dois exemplos de como o setor privado pode contribuir para desenvolver a educação tecnológica desde o início da idade escolar são as iniciativas da Elétron e da iCities. A primeira criou um kit com 17 componentes eletrônicos modulares que podem ser conectados por imãs e ajudam crianças a aprender a montar circuitos elétricos simples e a iniciar estudos em lógica de programação.

Os componentes funcionam praticamente como um LEGO tecnológico. Sem ter investido qualquer valor em marketing e propaganda a Elektron já vendeu kits para a Bosch, BMR e Gerdau e pretende expandir suas operações em março por meio de financiamento coletivo via plataforma do Catarse.me.

Já a iCities criou o programa do iCities Kids para sensibilizar crianças sobre importantes questões relativas a cidades inteligentes, como energias renováveis, separação de resíduos, educação no trânsito e novas tecnologias. Neste ano, entre 15 de março e 21 de junho, o programa pretende reunir 2 mil crianças de 7 a 12 anos de idade no IBQP, a fim de disseminar de forma lúdica conceitos de smart cities.

Iniciativas como essas são relevantes para introduzir a tecnologia já nos primeiros anos do ensino fundamental. Se o país não quer criar gerações de jovens desempregados, estimular que iniciativas como essas se viabilizem é um bom começo. Destravar a reforma do ensino em todo país, com foco em desenvolver competências técnicas e artísticas, por outro lado, é imprescindível para evitar uma catástrofe no mercado de trabalho.

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