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O Poder Legislativo brasileiro tem sido protagonista de tantos episódios desastrosos no que se refere à moralidade pública, que em algum momento certamente alguém iria questionar os valores gastos para manter os parlamentares e suas estruturas nababescas de trabalho. E, ao que tudo indica, os questionamentos sobre custo e qualidade da representação política acabam de começar. Com uma estratégia de mobilização via redes sociais, Vinícius Ribeiro e Janz Léo iniciaram uma campanha no Facebook chamada "Protesto contra o salário absurdo dos Deputados".

A partir da zero hora de hoje, vão deflagrar articulações no mundo virtual para realizar um protesto em nível nacional, que deverá acontecer no dia 7 de setembro deste ano nas ruas das cidades brasileiras. A intenção é unir forças ao "Manifesto Contra a Corrupção", que também vem se organizando via redes e irá realizar eventos no Dia da Independência do Brasil.

Prestes a começar mestrado em Ciências Políticas na Suécia, Vinícius Ribeiro afirma que o Brasil é o país que mais gasta com parlamentares no mundo. "Enquanto gastamos cerca de R$ 10,2 milhões anuais com parlamentares, a Itália – o país que mais gasta depois de nós – despende R$ 3,9 milhões."

Ao menos na internet, o ambiente para o protesto é favorável. Segundo Ribeiro, a campanha "Apoie a redução do salário dos políticos brasileiros" já tem mais de 14 mil apoiadores, no "Causes" – um site no qual os internautas podem conhecer e apoiar "grandes causas". Atenção para o detalhe, a cifra de 14,5 mil apoiadores foi conseguida em 16 dias.

Se Vinícius Ribeiro e Janz Léo conseguirem transpor o mesmo êxito viral obtido na internet para as praças públicas do país, no Dia da Independência, estarão realizando um feito notável. Até porque, nas palavras de Ribeiro, "o Brasil é um país no qual as pessoas mais tendem a evitar a política", afirma Ribeiro. Curiosamente, diz ele, é nos países onde menos se discute política em sala de aula que os gastos são os mais altos.

Na página do "Protesto contra o salário absurdo dos Deputados", no Facebook, Ribeiro e Léo se dizem inconformados com a apatia da população brasileira. "O jornal El País perguntou: "¿Por qué los brasileños no reaccionan ante la impunidad, hipocresía, corrupción y falta de ética de muchos de los que les gobiernan?" (http://bit.ly/rdspjK). E como todos nós já estamos fartos deste indiferentismo brasileiro, dessa vez vamos mostrar-lhes que não é bem assim." A publicação a que se referem feita no El País, trata-se de uma análise do correspondente daquele jornal, Juan Arias, datada de 7 de julho, em que analisa o motivo pelo qual não se vê reação dos brasileiros contra a corrupção.

Em sua análise, Arias comenta os episódios recentes da queda de Antonio Palocci (PT), da Casa Civil, e de Alfredo Nascimento (PR), do Ministério dos Trans­portes, e lamenta que os jovens não manifestem um mínimo de reação diante da corrupção dos governantes. "Será que os jovens, especialmente [os brasileiros], não têm motivos para exigir um Brasil não somente mais rico a cada dia, ou pelo menos menos pobre, (...), mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas (...)?"

A pergunta dele é pertinente. Quais são os motivos que conduziram a essa apatia, ainda mais num momento em que em vários lugares do mundo, na Europa e no mundo árabe se veem jovens reivindicando medidas anticorrupção e mudanças que tornem as instituições mais democráticas? Vinícius Ribeiro acredita que esse quadro de passividade do brasileiro pode mudar. "Nós vemos o papel importante que as redes sociais, o Facebook, tiveram nos protestos no Egito, na Tunísia, e em outros países da África."

As redes sociais na internet têm facilitado a mobilização dos cidadãos, em especial os jovens. Mas, ainda é difícil dizer se elas bastam para que saiam às ruas, ou permaneçam mobilizados contra a corrupção e os maus costumes políticos. Se Vinícius Ribeiro estiver certo, em 7 de setembro os parlamentares terão motivos para rever sua conduta.

Mande mensagem por email, Twitter (@rhodrigodeda), ou vá até a página da coluna no Facebook (digite na barra de busca O Coro da Multidão).

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