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Enquanto há protestos em Curitiba para proibir a disseminação do cartão transporte para todas as linhas de ônibus, em outras cidades motoristas e cobradores comemoram o fim da circulação de dinheiro nos veículos.

A prefeitura de Curitiba implantou o uso exclusivo do cartão transporte para 66 linhas em 1º de agosto. Com a medida, tentou resolver o problema da dupla cobrança nos micro-ônibus, que já operavam sem cobrador há quase nove anos. Nos demais veículos, continua tudo como antes, por enquanto. Segundo a Urbs, há 356 linhas na cidade.

No começo do mês, os vereadores Felipe Braga Côrtes (PSDB) e Paulo Rink (PPS) apresentaram projeto que propõe o fim definitivo da cobrança em dinheiro no transporte público de Curitiba. Apenas o cartão transporte seria usado. Mas o texto também determinava que não poderia ocorrer demissão sem justa causa dos cobradores (fica a dúvida: extinção da função não seria justa causa?) e que as empresas deveriam oferecer gratuitamente cursos de capacitação e qualificação a todos os cobradores para que assumissem outras funções.

A princípio é um projeto interessante, que, seguindo seu curso natural, seria debatido e melhorado para eventual aprovação; ou debatido e arquivado.

Mas os motoristas e cobradores não quiseram dar tempo algum às discussões. Com apoio dos vereadores Chicarelli (PSDC) e Rogério Campos (PSC), emplacaram um novo projeto de lei, o qual proíbe a substituição de cobradores pelo cartão transporte.

Causa estranheza um projeto que proíba o uso da tecnologia para aprimorar serviços, sejam públicos ou privados. Sem entrar no mérito da questão, é um projeto que tenta barrar a sociedade de evoluir. Por si só não faz sentido.

Além disso, o projeto apoiado pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) também tem problemas em sua essência. Proibir o uso do cartão transporte significa manter dinheiro circulando nos veículos de transporte, chamariz para furtos e roubos.

Claro que o ideal seria que vivêssemos em uma sociedade mais segura, onde não ocorressem assaltos. Mas não é assim, infelizmente. O que é mais fácil? Esperar o poder público dar uma solução definitiva à criminalidade ou retirar de circulação o dinheiro em locais que não têm segurança apropriada, como ônibus?

O cartão transporte proporciona ainda outros benefícios: dá eficiência ao sistema, pois reduz custos e proporciona maior agilidade. É usado em muitas cidades brasileiras e é realidade há anos no resto do mundo.

E é apoiado também por sindicatos de motoristas e cobradores pelo Brasil. Na página do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão Preto e Região (Seeturp), há textos comemorando a adesão total ao cartão transporte. "Vitória dos trabalhadores do transporte coletivo" é o título. Lá, a figura de cobrador já estava em extinção, e os motoristas recebiam um prêmio por exercerem dupla função. O sindicato vai lutar para manter o pagamento do prêmio.

Um diferencial em relação a Curitiba: o anúncio do fim da circulação de dinheiro nos ônibus em Ribeirão Preto ocorreu em meados de junho, para valer apenas a partir de 1º de outubro. Pouco mais de três meses. Na capital paranaense, foram poucas semanas para os usuários das 66 linhas aderirem ao cartão transporte, o que levantou muitas críticas.

Fim do cobrador

Em Campinas (SP), recentemente o Sindicato dos Motoristas e Cobradores se manifestou favoravelmente à extinção da função de cobrador nos ônibus da cidade. O presidente da entidade, Matusalém de Lima, disse em entrevista ao G1 que não estão previstas demissões, mas sim a realocação dos profissionais para funções como motorista de ônibus, fiscal, mecânico e funcionário de almoxarifado. "Todas essas funções possuem condição financeira melhor do que a função de cobrador, então não vejo problema que ela seja extinta, até porque vai dar mais segurança para o motorista, que não vai ter mais dinheiro no ônibus", disse ao G1.

Bom saber que há sindicatos que pensam no futuro e encaram as mudanças.

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