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Estamos em 2013, um ano ímpar, e não haverá eleição alguma. Mas todos os governantes, mesmo os que acabaram de assumir as prefeituras, já estão de olhos em 2014 e nos resultados que as urnas trarão. Na verdade, não há segredo algum: basta fazer um bom governo, e você será recompensado depois. Como nossos governantes têm um pouco de dificuldade em fazer esse tipo de coisa, aqui vão algumas "dicas" para tentar alinhar seus objetivos eleitorais com as demandas da sociedade.

1) Quando assumir um cargo, não apague nada do que o seu antecessor fez. Pelo contrário, deixe tudo o mais transparente possível. Isso vai facilitar o trabalho da imprensa e a comparação entre as gestões. Quem é novo no cargo não precisa se preocupar, porque geralmente as cobranças começam a aparecer depois de um ano. Claro que quem é bom o suficiente também não terá o que temer em nenhum período.

2) Nunca faça pronunciamentos oficiais com um tom de revanche. Não pega bem. A não ser que seja contra um inimigo nacional – alienígenas ou alguma coisa do tipo. Não se trata de proteger a imprensa ou quem quer que seja. É que se espera um comportamento mais diplomático e nobre do chefe do Executivo.

3) Por outro lado, não fique à mercê da opinião pública e, principalmente, da opinião errática que vem surgindo cada vez com mais força graças às maravilhas da internet. Não precisa agradar a todos, nem resolver imediatamente todos os problemas apresentados nos jornais ou no Facebook. Assuntos emergenciais precisam entrar na pauta da administração, mas não deixe que isso atrapalhe os itens que elegeu como prioritários. Seja coerente.

4) Falando em internet e acesso à informação, saiba que as pessoas estão cada vez mais inteligentes e conscientes. Elas já sabem que o antipó (quem dera fosse asfalto para todos) costuma aparecer apenas quando o governante tem um interesse eleitoral. Elas até ficam felizes com o restauro da pavimentação, mas não vão mais votar em alguém só por causa disso.

5) O mesmo vale para obras, por mais lindas e suntuosas que sejam. Os eleitores comparecem às inaugurações, abraçam o governante, tiram foto com ele, dizem que ficaram felizes com a abertura de uma nova creche ou escola, e podem até gravar para a rádio oficial do governo que estão muito satisfeitos. Mas não quer dizer que estão comprometidos com você.

6) Se você quiser inaugurar uma obra com a presença da Ivete Sangalo, pode até ser que conquiste uns votos. Mas, primeiro, pergunte se ela não toparia cantar de graça. Gastar mais de meio milhão dos cofres públicos para um show vai render muitos questionamentos judiciais e da parte dos órgãos fiscalizadores. O desgaste será muito grande e, no fim, poderá perder alguns votos.

7) Se pega mal você gastar dinheiro à toa, imagine só se for a sua mulher ou marido. Atenção: não use recursos públicos para decorar sua casa, mesmo que seja residência oficial. As pessoas esquecem, mas a reforma milionária na Casa da Dinda, em Brasília, foi uma das razões que minaram a governabilidade de Collor, contribuindo para ele ser alvo de um impeachment.

8) Quando fizer mudanças no primeiro escalão, escolha pessoas realmente competentes e reconhecidas por isso. Caso opte por apenas acomodar companheiros partidários, priorizando o seu interesse eleitoral em detrimento da população que governa, poderá ter sucesso, desde que limpe as secretarias de comissionados que não entendem nada do assunto. Se os subordinados forem competentes, o secretário ou ministro terá condição de realizar um bom trabalho, e você assumirá os créditos.

9) Se você for prefeito, priorize obras nos bairros. As pessoas gostam de viver em locais agradáveis, e dão muito valor a isso. Viadutos estaiados e calçadas de granito são muito interessantes e embelezam a cidade, mas a estética pode ser incorporada a espaços públicos mais democráticos, como museus (vide o Museu Oscar Niemeyer), escolas, praças e parques. Se você for governador, olhe para todas as regiões, e não priorize a capital do estado ou seu reduto eleitoral. Se for presidente da República, aja como um líder da nação, acima de todos os interesses partidários e regionais. Seja uma boa pessoa, mas não abuse dos subsídios e dos auxílios: em demasia e sem planejamento adequado, poderão quebrar o Brasil.

10) Se possível, caminhe anonimamente pelas ruas e converse com as pessoas; conheça a opinião das ruas sobre os diversos assuntos. Às vezes dá a impressão de que vocês, governantes, estão completamente descolados da realidade. #Fica a dica.

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