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Se a Rua Riachuelo fosse minha, eu mandava iluminar com postes bem robustos, só pra ver a memória prosperar. Os governantes, obviamente, têm de levar em conta uma série de fatores para implantar políticas públicas e para aplicar o dinheiro público, que é nosso. Mas a arquitetura e a personalidade das cidades precisam ser respeitadas. Os novos postes instalados pela prefeitura de Curitiba na Riachuelo e em vários bairros, por exemplo, não seguem esse caminho.

A Rua Riachuelo, para quem não sabe, fica na parte histórica de Curitiba e abriga vários casarões antigos, recentemente reformados por meio de uma parceria entre o poder público, associações e iniciativa privada. Nesse cenário renovado, cairiam muito bem aqueles postes do tipo republicano, que estão por todo o centro da capital paranaense e outras cidades. Claro, há estudos que indicam que esse modelo desperdiça luz, pois ela é distribuída por igual por todos os lados, inclusive para cima. O novo modelo (que parece um aquecedor) tem um "teto", o que direciona a luz para baixo, iluminando mais a rua e facilitando a vida do pedestre.

Acontece que há modelos semelhantes ao poste republicano que também têm uma cobertura, e que podem ser tão eficientes quanto as peças "modernas" escolhidas pela prefeitura de Curitiba. A arquitetura e o turismo agradeceriam. Além disso, os postes republicanos são muito mais resistentes do que as novas luminárias. Espero que essa aparência frágil seja apenas uma impressão pessoal, e que o novo equipamento tenha grande durabilidade. De outro modo, seria uma escolha injustificável e desperdício de dinheiro público.

Também tenho muitas reservas ao uso da luz branca. Este é um assunto técnico, certamente, mas, cá entre nós, luz branca é para escritório ou para hospital. Basta pensar nas grandes cidades do mundo e nos monumentos turísticos. Nos cartões postais com cenas noturnas, a iluminação é sempre amarela. Mas o poder público, que falha em proporcionar segurança pública adequada, está preferindo a luz branca, para iluminar mais a calçada e com isso diminuir os perigos ao pedestre.

Concreto

Se a Rua Marechal Deodoro fosse minha, eu mandava pavimentar, com asfalto bem resistente, só pra ver a região prosperar. Uma cratera próxima ao Hospital Menino Deus, no Alto da XV, foi fechada há alguns dias, depois de semanas de descaso. Isso se repete por todos os cantos de Curitiba (como a Gazeta do Povo mostrou no dia 8 de outubro deste ano) e, infelizmente, na maioria das cidades brasileiras, que usam principalmente o antipó. Acontece que aplicar esse tipo de cobertura em ruas movimentadas é praticamente o mesmo que jogar dinheiro fora: o antipó não dura mais do que alguns meses e já fica todo esburacado.

Por outro lado, em algumas situações, os governantes exageram no gasto com pavimentação.

Se a Rua Lourenço Pinto fosse minha, eu mandava arborizar, com um canteiro bem simpático, só para a água escoar. A reforma da via foi feita há três anos, com o objetivo de implantar o corredor do ônibus biarticulado Pinheirinho/Centro. A calçada virou um concreto só. Nenhum verde, nenhum arbusto. Nos dias de sol, o calor é infernal. Nos dias de chuva, há alguns pontos de alagamento. Pois é, há uma inclinação absurda na calçada entre as ruas André de Barros e Pedro Ivo. E isso que, logo depois da obra ficar pronta, em novembro de 2008, a empreiteira teve que quebrar a calçada de novo, para ajustes nas galerias pluviais. O mínimo que se espera de qualquer administração pública é planejamento. Como essas coisas podem acontecer?

Em Curitiba, os gastos com urbanismo são os maiores da cidade. Superam os investimentos em saúde e educação. Grande parte se deve ao gerenciamento do transporte coletivo. Mas há gastos significativos como o de R$ 60 milhões na iluminação pública ao longo do ano.

Em 2012, teremos eleições para a escolha de prefeitos em todo o Brasil. Daqui pra frente, os comandantes dos municípios vão exagerar na propaganda pessoal e/ou de seus aliados, assim como na inauguração de obras. Cabe a nós, eleitores, prestarmos atenção nessas obras, para ver se elas estão em condições de funcionamento, se nos agradam e se não houve desperdício do nosso rico dinheirinho.

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