
Brasília - Em abril de 2009, cansado de dar justificativas para a reforma do Palácio do Planalto, Lula desabafou: "Foi montada tanta gambiarra que a qualquer hora aquilo corre o risco de incendiar". Após 17 meses em reforma, o prédio volta a ser utilizado pelo presidente amanhã. Com renovados sistemas elétrico, hidráulico e sanitário, mas também com o resgate estético da época da inauguração, em 1960.
A obra custou R$ 103 milhões e terminou com quatro meses de atraso. A promessa era entregar o edifício no aniversário de 50 anos da capital, dia 21 de abril. Durante os trabalhos, o gabinete de Lula foi transferido para um escritório improvisado no Centro Cultural Banco do Brasil.
A mudança começou na semana passada e revelou um pouco da nova feição do Planalto, projetada pelo escritório de Oscar Niemeyer. A pedido do próprio presidente, o objetivo é que o espaço volte a ter a "cara de Juscelino Kubitscheck". Para isso, foi formada uma comissão curadora para definir o perfil do mobiliário.
Todas as peças desenhadas por arquitetos, decoradores e artistas estrangeiros foram substituídas por obras de brasileiros. Foram recuperadas cadeiras, mesas, sofás e escrivaninhas projetadas por Niemeyer, Jorge Zalszpin e Sérgio Rodrigues. O trabalho foi feito por jovens carentes da periferia do Distrito Federal.
Além disso, foram gastos R$ 3 milhões para complementar os móveis. Também foram restaurados tapetes e ainda está em estudo uma nova disposição dos quadros. Segundo Lula, outra prova da necessidade de reforma era o estado dos tapetes "parecia que 80 carretas de petróleo tinham passado por lá", disse.
O gabinete do presidente ficará com a obra As mulatas, de Di Cavalcanti. Espalhadas pelo palácio também há trabalhos de Athos Bulcão, Burle Marx e Djanira. Um novo espaço será destinado para uma galeria histórica com imagens dos presidentes brasileiros.
Para acabar com as "gambiarras", não haverá mais fios aparentes sejam de energia elétrica ou da rede interna de computadores. O número de funcionários que trabalha no Planalto também deve diminuir de 700 para 250. Além de diminuir o risco de incêndio, a obra incluiu a colocação de vidros à prova de bala e a revitalização do espelho dágua na parte externa do prédio.
O pequeno lago artificial não fazia parte do projeto original de Niemeyer. Ele foi construído em 1991, após um motorista descontente com a gestão do então presidente Fernando Collor atingir o prédio com um ônibus. As pedras de mármore e granito da fachada também foram trocadas.
Além da sala do presidente, o Planalto também abriga o gabinete dos ministros da Casa Civil (Erenice Guerra), da Secretaria de Comunicação (Franklin Martins), das Relações Institucionais (Alexandre Padilha) e da Secretaria-Geral da Presidência (Luiz Dulci). Também há salas específicas para a primeira-dama (Marisa Letícia) e para o assessor especial de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
A execução das obras foi realizada pela empresa de engenharia Porto Belo, sob coordenação do Exército. Apesar do longo período em obras, não haverá qualquer solenidade de reinauguração do Planalto. Além dele, durante o governo Lula também foi restaurado o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. A obra realizada entre 2004 e 2006 custou R$ 18 milhões e foi bancada pela iniciativa privada.



