
O governador Beto Richa (PSDB) abriu ontem o ano legislativo da Assembleia do Paraná com um discurso no qual procurou mostrar que sua administração já supera a gestão que o antecedeu, dos ex-governadores Roberto Requião e Orlando Pessuti, ambos do PMDB. Richa fez um balanço de seu primeiro ano de mandato elencando números e, por vezes, comparando-os com os dados do último ano da gestão anterior com resultados sempre favoráveis ao governo tucano (veja quadro). E deu "alfinetadas" em Requião, mesmo sem citá-lo nominalmente.
No discurso, porém, a estatística de empregos criados utilizou um período de apenas 11 meses de 2011, de janeiro a novembro, o que favoreceu a atual administração. Com dezembro incluído, 2010 último ano da gestão peemedebista teve mais postos de trabalho criados.
No discurso, Richa afirmou que foram "gerados 157 mil empregos com carteira assinada no ano passado, sendo 100 mil no interior" o que seria um "recorde histórico". Os números, porém, não levaram em conta a queda significativa na geração de empregos em dezembro o que tornou o desempenho do estado pior do que o do ano anterior. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na semana passada pelo Ministério do Trabalho, o estado gerou 123.916 empregos com carteira assinada em 2011 um desempenho 20% pior do que as 153.805 vagas do ano anterior.
Procurada pela reportagem, a assessoria do governador informou que houve um lapso na revisão dos números do discurso, que acabou sendo lido pelo governador com dados desatualizados. Ainda segundo a assessoria, não houve "má intenção" em exibir os números para favorecer o governador.
Durante o discurso, Beto Richa ainda fez questão de destacar outras ações na área de geração de empregos. Disse que o programa Paraná Competitivo atraiu em um ano mais de R$ 9 bilhões de investimentos da iniciativa privada ao estado.
Autoritarismo e arrogância
Mesmo sem citar nominalmente o ex-governador Roberto Requião, Beto Richa o alfinetou ao apontar como principal marca de sua gestão o diálogo em contraposição ao "autoritarismo" e à "arrogância" da gestão passada. A atração de indústrias seria uma prova disso.
Richa voltou ainda a dizer que o primeiro ano de mandato exigiu um "ajuste de contas doloroso, mas necessário para recompor a capacidade de investimento" do estado. O governador concluiu dizendo que, se não houve "uma revolução política no estado como alguns esperavam, há uma transformação gradual ocorrendo na administração estadual".



