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Com denúncia, Catta Preta coloca deputados da CPI na defensiva

Ministro da Justiça diz que acusação tem de ser investigada pelo MPF. Presidente do STF defende prerrogativas dos advogados. OAB pede punição

Catta Preta foi a advogada de 12 acusados pela Operação Lava Jato que fecharam acordos de delação premiada | PAULO LIEBERT/AE
Catta Preta foi a advogada de 12 acusados pela Operação Lava Jato que fecharam acordos de delação premiada (Foto: PAULO LIEBERT/AE)

A denúncia da advogada Beatriz Catta Preta de que está sendo ameaçada por integrantes da CPI da Petrobras provocou nesta sexta-feira (31) forte reação no meio jurídico e político e colocou os deputados na defensiva, sob risco de passarem a ser investigados pelo Ministério Público Federal (MPF).

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, disse em Curitiba que os advogados têm determinadas prerrogativas, como a garantia do sigilo de seu relacionamento com os clientes, para evitar que sejam vítimas do arbítrio das autoridades.

“Prerrogativas dos advogados, predicamentos da magistratura e imunidades dos parlamentares não são privilégios dessas categorias, mas garantias dos cidadãos contra o arbítrio”, disse Lewandowski ao comentar o caso em entrevista à Gazeta de Povo. “Eu concedi, como todos sabem, uma liminar estabelecendo que a CPI não poderia interferir no sigilo das comunicações entre advogado e seu cliente e nem perquirir acerca dos honorários de um serviço efetivamente prestado”, disse o ministro mais tarde, durante a entrevista coletiva, numa referência à decisão que garante que Catta Preta pode se manter calada na CPI.

“Estamos atentos e, em se comprovando as ameaças, em se identificando causadores de tal situação, deve haver responsabilização. A lei deve valer para todos”, disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Coêlho. “É uma denúncia grave que caberá ao Ministério Público Federal, que conduz as delações premiadas, apurar”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Catta Preta foi a advogada de 12 acusados pela Operação Lava Jato que fecharam acordos de delação premiada. Um deles, o lobista Julio Camargo, disse em depoimento que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria recebido propina de US$ 5 milhões. A partir daí, diz ela, as ameaças veladas começaram. E a CPI da Petrobras, supostamente a mando de Cunha, decidiu convocá-la para esclarecer a origem dos honorários recebidos por ela nos acordos de delação premiada. Após isso e devido a outras supostas ameaças a ela e a sua família, a advogada decidiu abandonar a profissão.

Erro

Na Câmara, alguns deputados começaram a admitir o erro em convocar Catta Preta. Bruno Araújo (PSDB-PE) disse que chamá-la para explicar a origem de seus honorários não faz parte do escopo da CPI. O autor do requerimento de convocação, Celso Pansera (PMDB-RJ), porém, chamou de “ridícula” a acusação da advogada. E o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que a convocação de Catta Preta está mantida e que a comissão agora quer saber quem a ameaçou.

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