
Mesmo contando com três ministros próximos da presidente Dilma Rousseff Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Paulo Bernardo (Comunicações) e Gilberto Carvalho (Secretaria Especial da Presidência) , o Paraná ficou de fora do pacote de investimento de concessões de rodovias e ferrovias anunciado nesta semana pelo governo federal o chamado PAC Concessões. Pelo estado vão passar dois trechos de novas linhas ferroviárias incluídas no programa, mas eles serão construídos em bitola larga (1,5 metro), incompatível com a bitola métrica utilizada em toda a malha ferroviária atual do estado. Na visão do governo do Paraná, com essa escolha o estado sairá prejudicado, pois o Porto de Paranaguá perderá espaço no escoamento da produção para os portos de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e de Santos, em São Paulo.
O governador Beto Richa (PSDB) fez ontem críticas ao projeto do governo federal. "Eu quero acreditar que foi um equívoco do governo federal varrer o estado do Paraná do mapa brasileiro", afirmou Richa. A declaração deixa mais evidente a insatisfação do governo paranaense com a União.
A atuação dos ministros e da bancada paranaense junto à presidente Dilma também parece não agradar aos políticos e empresários locais. Há reclamações sobre a falta de articulação política dos parlamentares do estado em Brasília e de empenho dos ministros paranaenses em buscar mais investimentos para o Paraná.
Justificativa
O ministro das Comunições e ex-ministro do Planejamento , Paulo Bernardo, respondeu ontem às críticas sobre a polêmica em torno da participação do estado no PAC das Concessões. Buscando minimizar as reclamações do governo do estado, Bernardo afirmou que o Paraná não ficou de fora do programa.
"Há duas ferrovias passando pelo estado, que vão parar em vários lugares do estado. Elas servem para transportar bens e mercadorias do estado", disse. Sobre as rodovias, o ministro ressaltou que as quatro estradas consideradas prioritárias pelo governo Richa já são atendidas no orçamento da União. "Nós temos mais de R$ 2 bilhões do orçamento federal para investimentos que estão sendo feitos na rede rodoviária do estado." O secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, no entanto, reclama que as obras nas estradas do Paraná realizadas com recursos do governo federal são pontuais, só na questão de conservação.
Articulação
O Paraná agora corre atrás do tempo perdido para conseguir mais espaço no pacote de concessões. Richa solicitou uma audiência com a presidente, ainda sem data prevista, para reafirmar as necessidades do estado para o setor. "Ao todo, são quatro trechos de rodovias e dois de ferrovias que foram esquecidos pelo plano nacional de expansão", disse.
Paulo Bernardo sinalizou positivamente para a possibilidade de uma maior inclusão do Paraná no pacote de concessões, mas condicionou isso à "apresentação de projetos consistentes e convincentes" por parte do estado. "Existe a chance de modificar o projeto. Não posso responder pela presidente, mas tenho certeza que o governador é bem-vindo. Se tiver um projeto para apresentar que seja convincente, eu aposto que ela atende", comentou.
Enquanto espera pela reunião com Dilma, o governo paranaense se movimenta na esfera estadual. Está marcada para a segunda-feira uma reunião de Richa Filho com entidades empresariais e agropecuárias do estado, com representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) no Paraná e da bancada paranaense no Congresso Nacional. "Queremos mais informações do Dnit e entender melhor esse pacote de investimentos porque, ao apresentar nossas demandas nesse setor, fomos muito bem recebidos e nos passaram a ideia de que ficaram sensibilizados", disse Richa Filho.
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