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O piloto da TAM Marco Aurélio Incerti de Lima, que comandou o avião da TAM da torre de controle do aeroporto de Congonhas no dia da tragédia, admitiu ter ignorado recomendações do manual do fabricante e realizado um procedimento não-recomendado para pousar o Airbus A-320 da TAM, em 17 de julho. Horas mais tarde, a aeronave sofreria acidente, que matou 199 pessoas em Congonhas. Ele prestou depoimento no 27.º Distrito Policial na segunda-feira. Nesta terça e na quarta, quatro controladores que estavam na torre de Congonhas serão ouvidos pelo delegado Antônio Carlos Barbosa, que investiga a responsabilidade criminal pelas mortes.

Nesta segunda-feira, o promotor Mário Luiz Sarrubbo, que acompanha o caso, disse que desde janeiro é recomendado aos pilotos que coloquem as duas manetes da aeronave (alavancas controladoras da potência das turbinas) na posição reverso, logo após tocar o solo. A orientação serve mesmo que um dos reversos (sistema auxiliar de freio das turbinas) esteja travado, caso do avião. O piloto disse na segunda-feira em depoimento à polícia que colocou apenas uma das manetes na posição recomendada porque considera o procedimento mais seguro. Ele deixou a manete da turbina direita em ponto morto (na posição "idle") e acionou o reverso máximo da turbina esquerda.

O piloto afirmou que decidiu pelo procedimento porque a pista de Congonhas é restrita, estava molhada e escorregadia.

- Nas condições da pista, o procedimento apresentava mais segurança - disse Incerti.

Ele acrescentou que pousou o Airbus normalmente, sem qualquer problema. O co-piloto Daniel Alves da Silva explicou que o procedimento foi adotado para evitar aumento da distância de parada.

- O próprio manual da Airbus diz que, em caso de reverso pinado e pistas contaminadas, se o manete for colocado em reverso máximo, a distância de parada aumenta em cerca de 55 metros - disse.

Seguir indicações do manual

Ao ser informada da falha no procedimento, a TAM orientou que o piloto seguisse à risca as indicações do manual. A companhia aérea informou que não comentaria os depoimentos dos pilotos.

O co-piloto comandou a aeronave no trecho entre o Aeroporto de Congonhas e o Aeroporto de Confins, em Minas Gerais (o vôo 3214) e seguiu o manual da Airbus. Incerti assumiu o comando na volta a São Paulo (vôo 3219). Foi a última tripulação a voar no Airbus A320 antes de a aeronave ser comandada pelos pilotos Kleyber Lima e Henrique Di Sacco. Horas depois, o avião se chocou com o prédio da TAM Express no fim do vôo 3054, entre Porto Alegre e São Paulo.

O procedimento de pouso adotado por Incerti ficou registrado na caixa preta do avião. A investigação vai tentar descobrir se os pilotos que se acidentaram adotaram o mesmo procedimento inadequado e se isso pode ter contribuído para o acidente.

Os dois tripulantes perceberam também uma indicação no painel de controle mostrando que houve estagnação no fluxo de combustível da aeronave, ainda no Aeroporto de Confins. O computador de bordo corrigiu o erro - corriqueiro na avaliação do piloto.

Ainda nesta semana, a polícia deve ouvir os controladores de vôo que estavam na torre no dia do acidente.

Avião da TAM é obrigado a arremeter e causa pânico entre os passageiros

Um Airbus A-320 da TAM que chegava de São Paulo teve de arremeter pouco antes de pousar na madrugada de segunda-feira no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, porque havia um avião da Gol na pista. A manobra deixou os passageiros em pânico. Minutos depois, o avião pousou sem problemas. Havia 170 passageiros a bordo.

A secretária de Turismo de Porto Alegre, Ângela Baldino, uma das passageiras, disse que só depois do pouso o comandante, através do sistema de som, explicou porque arremetera o avião, dizendo que aparentemente havia falha da torre de controle. Segundo os passageiros, o A-320 arremeteu a dez metros do solo.

- Ouvimos o aviso do comandante para a tripulação de que o pouso fora autorizado. De repente, a aterrissagem foi interrompida. Foram os minutos mais longos da minha vida - disse Ângela.

A Aeronáutica disse, porém, que não houve risco de colisão, pois a torre de controle do aeroporto ainda não havia autorizado a aterrissagem, quando o piloto da TAM optou por arremeter. Naquele momento, o Airbus estava a 170 metros de altura.

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