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Protagonismo social

Combate a doenças também pode ser arma contra a corrupção

ONG do Pará atende 30 mil pessoas aliando assistência médica à educação cidadã. Aposta é que quem conhece seus direitos está menos vulnerável aos corruptores

Scannavino: corrupção penetra com mais facilidade nas populações em situação de risco | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Scannavino: corrupção penetra com mais facilidade nas populações em situação de risco (Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo)

Assistência médica como forma de protagonismo social e de combate à corrupção. Por mais distante que medicina e fiscalização política possam parecer, a relação é muito perceptível para o médico paulista Eugenio Scannavino Netto, coordenador da ONG Saúde & Alegria, que atua desde 1987 no Pará e que atende 150 comunidades em quatro municípios, totalizando 30 mil pessoas.

Scannavino Netto apresentou seu trabalho e suas ideias durante a terceira reunião do Movimento Paraná Sem Corrupção, realizada na sede do Ministério Público do Paraná (MP-PR), em Curitiba, na última sexta-feira. O movimento pretende mobilizar a sociedade paranaense para ações de combate ao mau uso do dinheiro público.

"Eu fiz residência em infectologia e sempre quis trabalhar com saúde. Na Amazônia, encontrei um lugar onde me sentiria útil. São comunidades indígenas isoladas, tinha muita gente morrendo de doenças simples que se agravavam pela falta de atendimento", explicou Scannavino.

O foco de seu trabalho no Pará foi a conscientização. "Um bom médico é um educador antes de tudo", disse. Para isso, aliou diversão à educação em saúde por meio do Circo Mocorongo – iniciativa criada pela ONG. Também investiu no jornalismo comunitário. "Temos educação, formação profissional e inclusão digital com a Rádio Mocorongo, TV Mocorongo e Jornal Mocorongo. São 400 repórteres rurais – jovens que têm acesso a internet, celular, tudo com viés educativo." Também lançou nos rios amazônicos a embarcação Saúde na Floresta, para levar assistência e conscientização sanitária a comunidades de difícil acesso.

"Quando cheguei por lá [no Pará], minha meta era combater a mortalidade infantil por diarreia. Isso já foi vencido há 15 anos, e conseguimos indicadores de saúde similares aos da zona rural de São Paulo. Mas sempre sonhamos mais", relatou o médico. Ele antecipa que a ONG pretende consolidar projetos de energia renovável e tratamento de água, além de estender a educação em saúde para outras comunidades.

E a corrupção?

Mas, afinal, como a ONG combate a corrupção? Scannavino explica que a corrupção penetra com mais facilidade nas populações que estão em situação de emergência crônica. O combate a essa emergência, segundo ele, também é um combate contra a improbidade. "Sempre tem um madeireiro ilegal querendo comprar madeira. Se alguém quer comprar remédio para a esposa, mas não tem dinheiro, vai vender a árvore dele para salvar a mulher. Isso já aconteceu. Se, por outro lado, ele tiver atendimento de saúde pra esposa, ele já não precisa vender madeira", exemplifica. "Uma sociedade estabelecida e consciente de seus direitos fica mais imune à corrupção."

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