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São Paulo

Comissão Municipal de Direitos Humanos pede apuração de mortes durante confrontos

A Comissão Municipal dos Direitos Humanos encaminhou pedido à Corregedoria da Polícia Civil para que sejam apuradas as mortes nos confrontos entre policiais e bandidos. Desde o início dos ataques do crime organizado, 93 pessoas morreram nestes confrontos . Cerca de 40 corpos ainda não foram identificados.

O presidente da comissão, José Gregory, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, diz que há preocupação com exageros e revides desnecessários de policiais neste momento de crise na segurança pública do estado. Nesta quarta-feira, o governador Claudio Lembo disse que não há orientação para a polícia ser mais rigorosa em sua atuação.

Nas duas últimas madrugadas, o número de bandidos mortos em confrontos com a polícia nas ruas foi alto. Na noite de segunda para terça-feira 33 pessoas morreram. Nesta madrugada, os mortos chegaram a 16 apenas na cidade de São Paulo e podem ter alcançado 26 se considerados no interior. A polícia ainda não divulgou os nomes dos mortos nos confrontos.

- Fiz dois requerimentos para saber as circunstâncias das mortes de policiais e de suspeitos. Em um caso como esse, que atingiu o nervo psicológico da população, sempre existe exacerbação. Não dá para se prefixar hipóteses, mas é preciso preocupação com os excessos e os revides - disse Gregory.

Segundo ele, mesmo a polícia informando que a mortes ocorreram em confronto com os bandidos, é preciso analisar caso por caso. Para Gregory, todas as ações devem ser feitas com base na lei.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos lembrou que o problema da criminalidade na cidade de São Paulo, principalmente, é anterior à crise deflagrada na sexta-feira passada. Para ele, se a Justiça não agir rápido para punir os culpados, 'grupos' poderão ganhar corpo se aproveitando da situação.

- Ninguém está isento de responsabilidade, nem governantes e nem governados. Mas me parece que a maior lição ficará mesmo para a Justiça, que precisa trabalhar com mais rapidez para punir os culpados - disse Gregori.

Em entrevista à rádio CBN, o coordenador do Núcleo de Estudos da Violência, Sérgio Adorno, afirmou que São Paulo corre o risco de assistir a uma matança por conta da reação da polícia aos ataques do crime organizado e do sentimento de impunidade por parte da população. Segundo ele, é preciso que a sociedade mostre indignação com a ação da polícia.

- A princípio a polícia não deveria matar ninguém, embora ela esteja autorizada a usar a força fatal, este deveria ser o último recurso - disse o professor.

Para ele, a ação violenta da polícia causa mais intranqüilidade e incerteza, pois muitas pessoas comuns e honestas, jovens trabalhadores, podem ser peremptoriamente condenados sem terem cometido crime algum.

- É preciso ter forte indignação da população mostrando que este não é o caminho. Aliás, estamos cansados. É uma coisa que a polícia vem fazendo há anos e não resolve o problema. Se resolvesse, poderíamos dizer que é um 'custo'.

Para ele, a violência policial é inadequada.

- Não é sair matando por aí, substituindo a Justiça, fazendo pela justiça pelas próprias mãos. Não resolveu no passado e não vai resolver agora - afirmou.

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