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Polêmica

Compra de terrenos sob suspeita

Ação questiona a aquisição, supostamente com dinheiro público, de seis terrenos no Centro Cívico pela Associação das Senhoras dos Deputados Estaduais

Em um dos terrenos comprados pela Associação das Mulheres dos Deputados funciona um estacionamento. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Em um dos terrenos comprados pela Associação das Mulheres dos Deputados funciona um estacionamento. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

A compra de seis terrenos pela Associação Paranaense das Senhoras dos Deputados Estaduais (Apasde), supostamente com dinheiro doado pela Assembléia Legislativa, está sendo contestada na Justiça. O funcionário aposentado José Rosa Filho, ex-servidor da própria Casa, entrou com uma ação popular pedindo a anulação das compras. O processo pede ainda que o dinheiro seja devolvido ao poder público. Segundo ele, o valor giraria em torno de R$ 1 milhão. Os imóveis, que ficam no Centro Cívico, em Curitiba, foram comprados nos anos de 1999 e 2001.

Na ação, Rosa Filho alega que estaria havendo um desvio de finalidade por parte da associação, uma vez que não está prevista no estatuto da entidade a aplicação de auxílios e subvenções do poder público para a aquisição de imóveis. Ainda de acordo com o autor da ação, a compra dos terrenos privou a associação de meios e receitas para a assistência social. Ele denuncia que houve má utilização dos recursos públicos e prejuízo para a sociedade, pois a aquisição imobiliária enriqueceu a entidade com patrimônio que não representa benefício social.

O servidor aposentado contesta também que as compras dos imóveis, de altos valores, ocorreram em curto espaço de tempo e que a associação não poderia adquirir todos os terrenos apenas com as contribuições recebidas por um número limitado de associadas.

Na ação, não consta a informação de que foi a própria Assembléia que teria doado o dinheiro dos terrenos à associação. Alguns deputados estaduais e ex-parlamentares, porém, admitem que, até o fim da década de 1990 houve sim várias doações de dinheiro do Legislativo para a associação, e que a verba eventualmente pode ter sido usada na compra dos imóveis.

O caso tem sido debatido na Justiça desde 2006, quando a juíza Vanessa de Souza Camargo, da 4ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas, extinguiu o processo. Na sentença, dada em 30 de novembro daquele ano, ela alegou não haver lesão ao patrimônio público por parte da associação e que as aquisições dos imóveis foram lícitas.

Em 23 de setembro deste ano, porém, os desembargadores da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), por unanimidade, anularam a sentença de Vanessa de Souza Camargo. Eles determinaram o prosseguimento da ação, por meio da produção de prova documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal. Segundo o despacho do relator do caso no TJ, desembargador Marcos Moura, a sentença de Vanessa mostrou-se contraditória. A reportagem o procurou e ele disse que não poderia falar sobre o processo.

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