Pesquisas
Venho o meu desempenho nas pesquisas com naturalidade [da três rodadas do Ibope o candidato aparece em terceiro lugar, mas em queda, com 4%, 2% e 1%]. Antes de sair como candidato, os nossos monitoramentos mostravam entre 3% e 5%, o que foi determinante para a decisão de sair. Hoje estamos dentro da margem de erro, não acho que teve queda. Nos bairros por onde ando vejo a mesma receptividade de antes. O que acontece é que os partidos maiores se inseriram nos bairros, dando a impressão de que minha campanha diminuiu. Acredito que vou chegar nos dois dígitos ainda. Não acredito nos números das pesquisas, principalmente porque as pesquisas estão sendo feitas com poucos eleitores. Na última eleição à prefeitura, um candidato aparecia com 9% nas pesquisas e depois recebeu 20% dos votos. Os institutos de pesquisa têm mais atrapalhado que ajudado. Não digo que não servem para nada. Daqui a pouco, mais próximo das eleições, os institutos terão de falar um pouquinho a verdade para não perderem a credibilidade.
Financiamentos de campanha
Quero desafiar o candidato que chegar à prefeitura que disser que gastou menos de R$ 10 milhões. Fiz uma previsão alta de gastos no TRE [a sua previsão foi a maior entre os oito candidatos, R$ 14 milhões], para evitar problemas, menos não usando e arrecadando e gastando menos. Podemos colocar no site os financiadores da campanha, não sei nem por que não estão lá. Quanto mais transparência, melhor, para o candidato não se sentir pressionado, e para os eleitores. Vou colocar.
Campanha
A eleição vai se definir nos últimos dez dias e não acredito que Curitiba vá deixar de discutir a cidade por mais 30 dias, nós vamos ter segundo turno.
Beto Richa
Beto Richa está bem na campanha, até pouco tempo atrás somente a atual administração aparecia na mídia. Mas ele está tão na frente que nem discute as propostas da oposição. Tem algumas propostas que mereciam a resposta do candidato da situação. Não sou oposição ao Beto Richa, respeito o prefeito e acho ele uma figura extraordinária. Sou oposiçãom ao projeto de gestão atual, que isso fique bem claro.
Regionais
Eu defendo eleições diretas para a escolha dos administradores das nove regionais da cidade. Hoje é feita a indicação, que é política, o certo é o cidadão escolher democraticamente. Há bons administradores, mas alguns estão lá porque apoiaram o prefeito na eleição. Não vou citar nomes, para não se indelicado. As eleições não atrapalhariam o trabalho do prefeito [respondendo ao questionamento sobre um possível embate entre o prefeito e o administrador]. Seria um debate positivo, de verdadeiros líderes, que sabem dos problemas da região e fariam a ponte com a prefeitura. Pode ser até mais difícil de administrar, mas o resultado final é melhor. Sendo da região, ele vai buscar recursos para o bairro dele, mas não se confunde com a função do vereador, que tem de legislar, fazer leis. Hoje muitos vereadores acabam fazendo o que seria o trabalho dos administradores regionais.
O trabalho nos bairros
As pessoas se perguntam como apareço em terceiro lugar se não sou de nenhum governo. É que sempre fiz trabalho nos bairros, tenho equipes. Sou um facilitador para resolver pequenos problemas que acabam resolvendo grandes situações. Tem maneiras e maneirar de se administrar. Estou há pouco tempo na política, há oito anos, mas pude aprender que se você tem a coragem de ouvir a população consegue resolver vários problemas.
Assembléia Legislativa
Cada parlamentar representa uma fatia da sociedade e é natural que vá buscar recursos para a camada que o elegeu [respondendo a pergunta se não seria o papel do deputado fiscalizar e legislar para toda a sociedade, ao invés de defender interesses de uma parcela apenas]. Antes da implantação do painel eletrônico na Assembléia me criticavam [por não permanecer muito tempo na casa], depois que o implantaram fiquei até mais tranqüilo, tenho presença entre 80 e 85. Mas não fico lá quando não é necessário, não fico no plenário quando não há votação importante ou uma pauta relevante. Tiro minha gravata e vou para o bairro. Não tenho de cumprir horário. Sempre fui um deputado atuante, mas por se candidato agora levantam a acusação de que não vou ao plenário. Na Assembléia, muitos estão no ar-condicionado, servidos por garçons, chá, café. O que é mais importante, estar lá ou na comunidade atuando?
Independência política
Ninguém me coloca cabresto, sou independente, vou pelo meu felling, meu tato.
Gafanhotos
Estou fora dessa questão, deveriam perguntar ao deputado que estava envolvido e está apoiando o candidato Beto Richa. Não posso responder [à pergunta sobre a demora da Casa em dar uma resposta à sociedade sobre as denúncias sobre supostos funcionários fantasmas], deveriam perguntar à mesa executiva. O que eu posso adiantar é que se for para votação uma proposta de transparência eu voto sim. A Assembléia Legislativa é conservadora, tem gente que está lá há 20 anos, não é um novato que vai mudá-la. No início tentei radicalizar e fui até ameaçado de cassação. A indignação [quanto ao esquema gafanhoto] não atinge apenas a população, mas os deputados também. O que eu posso dizer é que eu não tenho nenhum parente em cargo, nenhum laranja e nenhum funcionário fantasma. Não tenho nada a esconder.
Cargos Comissionados
Quero cortar 80% dos cargos comissionados da prefeitura. 20% deles seriam suficientes para as autarquias, secretarias e diretorias. Enquanto estive como prefeito interino, na época que era vereador, procurei entender a máquina. Hoje quem toca a prefeitura são os funcionários de carreira, concursados, especialmente os que têm mais tempo de casa, e não o primeiro, segundo e até o terceiro escalões. Parte da economia feita pela extinção desses 80% servirá para rever os planos de cargos e carreiras e outra parte para investir na implantação de novas secretaria, cuja criação já foi autorizada pela Câmara, e na realização de concursos públicos. Os cargos em comissão são como as indicações para as regionais, a gente sabe como funciona. Diminuir o número vai permitir a valorização dos servidores. Quando voltar para a assembléia, eu assumo o compromisso de discutir essa questão também no nível estadual.
Metrô
Com todo o respeito, o projeto apresentado pelo prefeito é estúpido. Querem tirar o ônibus de cima, colocar o metrô embaixo e fazer parques nas canaletas. Não podemos abrir mão do expresso, o metrô terá paradas distantes e como faz que que ir de um ponto próximo a outro, vai como? Precisamos avançar e não mudar. Sem falar que fazer subterrâneo é um problema, veja o caso de São Paulo. Você nunca sabe o que vai encontrar debaixo da terra, temos muitos rios canalizados. O meu projeto custa um terço do valor e é de aplicação rápida, no máximo três anos, a um preço de R$ 1,20 a passagem. É o monotrem, um trem elevado, que seria construído acima do biarticulado. Ele faria a ligação entre os pontos mais distantes e o ônibus continuariam a transportar em pequenas distâncias. Pode ter impacto visual, mas vai ser positivo, e no subterrâneo também tem. E a classe média irá aderir ao metrô, pois poderá optar por um transporte de qualidade.
Urbs
Hoje a Urbs subsidia o tranporte coletivo. Fala-se na tariga domingueira, mas vá tentar pegar um ônibus no domingo, não tem. As linhas diminuiram, os ônibus diminuiram. Precisamos abrir a caixa-preta da Urbs. Quero dizer que respeito o Paulo Schmitt, [presidente da Urbs], mas não temos acesso aos números. Temos sucatas andando nas ruas. A vida útil de um ônibus é de dez anos, já vi alguns com 16 anos nas ruas, o que põe em risco a segurança do cidadão. Não tenho nenhuma dúvida de que a Urbs está subsidiando a tarifa. A Urbs tem uma diretoria de táxis, não entendo porque não colocam um taxista lá, para democratizar.
Expresso Metropolitano
É um projeto opata facilitar o acesso da classe popular da região metropolitana a Curitiba, já que o projeto anterior, da Linha Verde ficou defasado.
Linha Verde
O projeto não cumpriu sua finalidade, e a prefeitura emitiu nota culpando o dólar, culpando a chuva. Vamos ter de atualizar a Linha Verde. No mínimo o projeto terá de chegar até o final, até o Atuba. Aumentaram o número de semáforos que estavam previsto, isso só aumenta o congestionamento, eram necessárias trincheiras e viadutos. Ôutro problema são os vazios, é preciso ter um plano, para que não se torne uma cidade fantasma, senão vai ficar perigoso andar à noite por ali.
Condomínio Springfield
É impraticável não abrir a Dom Pedro [II, onde se localiza o condomínio, segundo alguns de forma irregular, que esterrompe essa rua, no Batel]. É um absurdo a prefeitura dizer que não tem força para abrir. Ali já deveria ter sido feito um binário, a mobilidade de Curitiba tem de ser vista com mais rigor.
Reeleição
A reeleição tem de acabar, é ruim para a democracia. Um exemplo são os agentes de saúde, eles trabalham durante a semana, visitam 30 famílias por dia, são verdadeiros líderes. No fim de semana fazem campanha para a reeleição. Vá ver nesse universo [dos servidores públicos] quanta gente trabalahm para a reeleição, pagos com dinheiro público. Não estou dizendo que trabalham durante o expediente, sei que o Beto é íntegro e jamais usaria a máquina administrativa para se reeleger.
Nepotismo
Eu não considero nepotismo o irmão do Beto (Richa) ser secretário (Municipal) da Administração O Pepe (José Richa Filho). Por que eu não considero nepotismo? Porque, para mim, o Pepe foi um dos melhores secretários da Administração que Curitiba já teve. Eu de 2000 mil até agora já devo ter convivido com uns oito secretários da Administração e não vi nenhum tão bom quanto o Pepe. Isso não é nepotismo. Afinal de contas, ele (Beto Richa) colocou um parente, mas que trabalha e desempenha bem (as suas funções). Eu encaro o Pepe na administração (do) Beto, como o Maurício Requião para o governo Requião. Acho que o Maurício Requião não caracterizaria o nepotismo no período em que estava como Secretário (de Estado) da Educação. Porque foi um bom secretário, na minha avaliação, porque atendia, porque buscava cumprir horário.
Livro pós-campanha
Vou lançar um livro, que se chamará "Nos bastidores da Candidatura para a Prefeitura de Curitiba de 2008"., depois das eleições. Quero mostrar como é difícil, as ameaças e assédios que sofri durante a campanha. Não digo que o assédio e a ameaça sejam negativos, isso não é denúncia. Vou apenas contar como são os bastidores e algumas coisas engraçadas. Vai ser um livro sadio, tenho caráter e não vou revelar segredos que me foram confiados. Não terá nada de mais, que quem conhece política não imagine, mas com personagens reais.
Segurança
A academia da Guarda Municipal já tem um efetivo bom, é preciso integração com as Polícias Federal e Militar. Quero também autorizar os guardas municipais a portarem armas não letais e instalar módulos nos bairros, para dar a sensação de segurança à população. Claro que a população não quer apenas a sensação, quer a segurança, mas só a sensação já é muito positiva. Além disso, acho que a Guarda Municipal já tem maturidade para ter um guarda no seu comando, depois do comando de dois policiais militares, o [coronel] Sanderson [Diotalevi] e o [coronel] Itamar [dos Santos]. O governo do Estado errou ao retirar os módulos, fez tótens que foram gastos à toa, deu uma sensação de insegurança à população.
Servidores Públicos
É preciso valorizar os servidores. Os agentes do Diretran, por exemplo, são mal vistos. Deveriam receber adicional de insalubridade, de periculosidade. Ele podem ser usados melhor, também, ao invés de serem funcionários da Urbs, poderiam ter os mesmo direitos dos Guardas Municipais. Mas um aumento para os servidores dependeria do orçamento da prefeitura.
Radares e Multas
Não sei como é a orientação aos agentes da Diretran, mas não acho que exista a indústria da multa, como se fala. Dá para avançar na questão, os radares precisam ser educativos e não punitivos.
Urbanismo e Ippuc
É preciso recuperar o Ippuc. Quero demonstrar meu respeito pelo presidente Augusto Canto Netto, mas também minha insatisfação com o Ippuc. Onde estão os técnicos do Ippuc na questão do metrô, da Linha Verde, do Springfield, da retirada do estacionamento da Visconde de Guarapuava, que acabou com o negócio de muitos empresários? Não tenho dúvidas o Ippuc foi esvaziado.
O projeto futuro (de urbanismo) é a recuperação do Ippuc. E também trago o Cassio Taniguchi de onde ele estiver. Ele é um grande técnico e tem a cidade na mão. Não vem para Curitiba porque está brigado com o Beto. O governo estadual também não tem diálogo com a prefeitura, fica difícil achar que sozinho se resolve todos os problemas.
Estratégia de campanha
Não mudo minha estratégia (em função das últimas pesquisas). A população de Curitiba é muito inteligente para não deixar a disputa ir para o segundo turno.
Barulho Noturno
O zoneamento está mudando. O Batel era uma região estritamente residencial, mas a Avenida Batel, de uns anos para cá, virou comercial e gera empregos e distribui renda. Faz parte do turismo de negócios e também faz parte da cultura da nossa cidade. Poque ali são diversos segmentos e movimentos sociais. Eu penso que a cidade tem que ir se adequando. É a mesma coisa que dizer que o problema da falta de segurança, é a cerveja que o sujeito toma dentro bar. O problema da segurança é a falta de políticas públicas para esses setores. Eu, quando era vereador, solicitei à prefeitura que três dias por semana quinta, sexta e sábado, que são os dias mais cheios na Av. Batel, fosse feita uma operação padrão com a Diretran e a Guarda Municipal. Sabemos que milhares de pessoas - na quinta, na sexta e no sábado - vão passar pela Av. Batel das 10 noite às 04 da manhã. Por que não fazer uma operação concentrada sobre isso. Vou citar o exemplo do Curitiba Master Hall, (para o qual o candidato advoga). Eu ligava para o Urbanismo e dizia: preciso que vocês mandem a fiscalização, porque há um monte de barracas sem alvará. Aí tem também a questão da segurança, porque não se sabe o que tinha naquelas barracas. Eu para mandar Diretran, porque os carros ficam estacionados e pára o trânsito. Mande a Guarda Municipal, porque há perigo. E não vai ninguém. Então eu pergunto se a culpa é da casa (noturna)? (Pois ela) tem em isolamento acústico organizado, tem segurança interna e externa, tem estacionamento compatível. Ou a culpa é do governo, que não tira as nádegas da cadeira e não coloca as suas instituições para atender a população. O que tem que ter é sensibilidade. O poder público tem a responsabilidade de dar segurança para o cidadão ir e vir. E nesses espaços muito mais, até porque tem horário (definido). Eu proponho uma política pública muito forte nesse sentido, onde o cidadão tem o direito de dormir, de entrar e sair de sua casa sem aglomeração. Mas, o que não podemos fazer é fechar as casas (noturnas). Mas, casa (noturna) que não tem isolamento acústico, segurança e estacionamento tem que ser fechada imediatamente. Aliás, sob pena de o poder público responder criminalmente sobre isso. Se uma casa que não tem a mínima condição (funcionar) não é fechada, a responsabilidade também é do poder público. Por que aconteceram as mortes no Jóquei? Faltou o poder público ser enérgico. Se não tinham as autorizações necessárias, o poder público tinha que ter embargado e não ter deixado que acontecesse o show.
Futuro
Me acho preparado para ser prefeito de Curitiba, ninguém conhece os Bairros como eu, nem o Beto, nem a Gleisi (Hoffman, do PT), nem o (Carlos) Moreira (Júnior, do PMDB). Mas se não for eleito, volto para a Assembléia. Eu digo que se eu perder a eleição eu ganhei. Ganho muita experiência com isso. Não posso dizer onde estarei daqui a dez anos, mas de a população me aceitar do jeito que eu sou, daqui a dez anos posso ser governador.
Mensagem ao eleitor
Eu só tenho a agradecer. Estou sendo bem recebido nos bairros. Passadas as eleições os curitibano vai me entender, conhecer e gostar mais de mim



