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Plenário da Câmara ficou lotado para o primeiro dia da legislatura | Agência Brasil/Wilson Dias
Plenário da Câmara ficou lotado para o primeiro dia da legislatura| Foto: Agência Brasil/Wilson Dias

Favorito a vencer a eleição deste domingo (1º) e se tornar o próximo presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi o terceiro a discursar na sessão que marcará a eleição para o cargo.

Por sorteio realizado da presidência da Casa, o petista Arlindo Chinaglia (SP) fez o segundo pronunciamento. Júlio Delgado (PSB-MG) foi o quarto e último candidato a falar. O primeiro foi o deputado Chico Alencar (PSol-RJ).

Cada um dos candidatos teve 10 minutos para falar a seus eleitores para a presidência da Casa. A sessão para eleger o presidente da Câmara começou no fim da tarde.

Confira o que eles disseram:

Chico Alencar (PSol-RJ)

O deputado fluminense discursou e pediu o voto dos colegas para chegar ao posto de presidente da Casa. Ele é o único candidato que não faz parte de bloco, contando oficialmente apenas com o apoio do PSol, que tem outros quatro parlamentares.

Alencar iniciou sua fala destacando que gastou um montante de R$ 150 com a sua campanha, na impressão de folhetos. Ao criticar o financiamento de campanhas políticas por grandes grupos empresariais, ele defendeu agilidade no processo de reforma política.

Para o deputado, o país passa por um derretimento partidário e disse que o Brasil passará por um ano "terrível". "É muito ruim que o governo comece cortando dos trabalhadores", disse.

Em discurso de cerca de 15 minutos, Alencar defendeu uma Câmara austera e transparente. "Com pauta de interesse da população e que supere o abismo que há entre o parlamento e a população", defendeu.

O deputado disse que os votos que receber serão "contra as artimanhas, as articulações, a reiterada velha política". Encerrou sua fala com versos de Fernando Pessoa: "Não posso ser nada, não devo querer ser nada. Aparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Candidato à presidência da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ressaltou em discurso no plenário nesta tarde que, se eleito, a Casa não será "subjugada" pelos demais Poderes.

Apoiado pelo Palácio do Planalto, que chegou escalar os ministros com perfil político para tentar articular uma vitória do deputado paulista, o petista, entretanto, durante toda a campanha tentou se desvincular do rótulo de "candidato do governo".

"Se alguém imagina a Câmara subjugada quero dizer que é um erro dramático. O erro de imaginar que a Câmara possa ser um poder subordinado", ressaltou o petista. Na disputa de hoje, Chinaglia conseguiu construir um bloco com 160 representantes, 58 a menos do que o formado pelo PMDB, que angariou o maior número de parlamentares (218).

"Assumi essa incumbência com humildade, porém com muita determinação. A nossa determinação nasce das nossas mais profundas convicções. Mesmo agindo com a maior das boas vontades nós não substituímos o povo brasileiro. Vivemos em um país desigual, apesar dos avanços de décadas", disse o petista no discurso.

Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

O líder do PMDB e candidato à Presidência da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirmou, em discurso no plenário da Casa, que o PT "não tem adversários", mas "inimigos". "Todos os que ousam enfrentar (o PT) acabam se tornando inimigos e vítimas de toda sorte de ataques. Nós fomos vítimas", discursou Cunha, sob aplausos, na sessão que escolherá o sucessor de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). "Mas Deus mostrou o caminho correto e viu que a verdade prevaleceu."

Considerado favorito para o pleito, Cunha atribuiu a "alopragens" e viu objetivos políticos quando teve seu nome envolvido como suposto receptor de propina do doleiro Alberto Youssef, no âmbito da operação Lava Jato. Depois de notícias serem divulgadas, o advogado de Youssef negou envolvimento de seu cliente com o peemedebista. Durante a campanha, o parlamentar também divulgou um áudio que, segundo ele, teria sido forjado para prejudicá-lo. "Foi uma campanha muito dura, na qual fui muito atacado e agredido", afirmou.

Ele destacou por diversas vezes que a Câmara precisa ser "independente" - seu principal mote de campanha - e não "submissa" aos interesses do Palácio do Planalto. "Ninguém vai ver eu me curvar a algo que não seja a maioria desta Casa", frisou. No seu entender, um petista na presidência da Câmara criaria essa submissão, uma vez que o partido comanda o governo.

"As eleições (para presidente da República), muito diferente das três anteriores, não teve uma hegemonia eleitoral, mas uma vitória eleitoral. Isso não dá condições para uma hegemonia política", disse Cunha.

Cunha aproveitou os 10 minutos aos quais teve direito na tribuna para fustigar seu principal adversário, o petista Arlindo Chinaglia (SP). Ele citou a eleição para a presidência da Câmara que opôs o hoje ministro Aldo Rebelo (PCdoB), então candidato com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o próprio Chinaglia. "O Aldo Rebelo disse que não podemos concentrar num único partido o poder do Legislativo e do Executivo. Infelizmente não ouvimos (a ele) e vimos a diferença de ter o mesmo partido nos dois poderes", afirmou.

Na esteira do discurso anti-hegemonia que sedimentou sua campanha, Cunha alegou que os principais avanços institucionais da Câmara dos últimos anos ocorreram quando peemedebistas estiveram na presidência. Ele citou a interpretação constitucional do hoje vice-presidente Michel Temer que "destrancou" votações antes bloqueadas por medidas provisórias. Também disse que o outro grande avanço veio com o Orçamento Impositivo, mecanismo pelo qual o Executivo é obrigado a pagar emendas parlamentares individuais.

"Se for possível, na próxima semana vamos votar o segundo turno dessa PEC (do Orçamento Impositivo)", prometeu Cunha. "Paramos de ir de pires na mão mendigar verbas nos ministérios", emendou o peemedebista, que também disse que estenderá o Orçamento Impositivo para as emendas coletivas de bancada.

Para Cunha, é preciso devolver à Câmara a dimensão que ela deve ter e recuperar a "altivez" e o "orgulho" da Casa . "O provo precisa de leis e de deputados fortes que o representem e ajudem o nosso País", defendeu.

Júlio Delgado (PSB-MG)

Em seu discurso no plenário da Câmara dos Deputados, o candidato do PSB à presidência da Casa, Júlio Delgado (MG), pediu para que seus colegas não façam uma escolha atrelados às promessas dos outros candidatos. O pessebista, que condenou a "politicagem", lembrou que todos os parlamentares têm direito a integrar uma comissão e que a liberação de emendas parlamentares está atrelada ao contingenciamento dos ministérios. "Não votem presos a isso", apelou o candidato, pedindo que os adversários "parem de enganar" seus eleitores.

Outra promessa prometida pelos adversários também foi criticada por Delgado: a construção do anexo 5 da Câmara. O candidato disse que não há espaço físico para a obra. "Ao povo brasileiro não interessa a construção do anexo 5", declarou. Ele pediu também para que seus concorrentes parem com a "demagogia" do discurso de independência.

No início do discurso, Delgado agradeceu o apoio dos partidos aliados (PSDB, PV e PPS) e disse que eles representam a "ética" na Casa. Ele afirmou que a função política não é desmerecedora, que a atividade é "honrosa" e que um parlamentar vive como "qualquer cidadão comum, que sofre com a inflação e a carga tributária". "Boa política deve ter direção e ética", reforçou.

Destacando as mudanças pedidas pelas manifestações de 2013, Delgado atacou a hegemonia do PMDB, que já tem a vice-presidência da República e a presidência do Senado. Outra crítica foi o esforço de financiamento das campanhas para o comando da Câmara e alertou que o custo "pode ser pago lá na frente e ser muito caro para nós".

Ao final, Delgado citou o ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB) morto em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014, e pediu para que os deputados não desistam do Brasil e do Parlamento.

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