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O Conselho de Ética da Câmara está julgando nesta quinta-feira os processos contra os deputados acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Três deles já foram considerados culpados e tiveram o pedido de cassação aprovado: Cabo Júlio (PMDB-MG), Nilton Capixaba (PTB-RO) e Lino Rossi (PP-MT). Outros sete foram absolvidos: Pedro Henry (PP-MT), Érico Ribeiro (PP-RS), João Correia (PMDB-AC), Laura Carneiro (PFL-RJ), Wellington Roberto (PL-PB), Marcondes Gadelha (PSB-PB) e Wellington Fagundes (PL-MT).

Rossi, apontado pela CPI como o precursor da quadrilha no Congresso, teria apresentado os Vedoin, donos da empresa que coordenava o esquema de superfaturamento de ambulâncias - Planam - a vários outros parlamentares a partir de 1999, dando início à parceria dos empresários com parlamentares, via liberação de emendas em troca de propinas. O conselho aprovou por unanimidade (11 a 0) o relatório de Jairo Carneiro (PFL-BA), que recomendava a perda de mandato do deputado do PP por quebra de decoro.

- É certo que Lino Rossi passou a ser pessoa importante no esquema da Planam desde 2000 - afirmou Jairo Carneiro em seu relatório.

Em relação a Nilton Capixaba, o relator de seu processo, deputado Mendes Thame (PSDB-SP), disse que a cassação dele não tinha como não ser pedida.

- A seqüência das provas e indícios é grande, é um rosário. É impossível não pedir a cassação do mandato - disse Thame.

Já João Correia foi absolvido pelo conselho, apesar de o relator, deputado Anselmo (PT-RO), ter pedido sua cassação. Segundo o relator, Correia não desmentiu as acusaçõs de Luiz Antonio Vedoin.

Laura Carneiro foi absolvida por unanimidade. O relator, Nelson Marquezelli (PTB-SP), recomendava o arquivamento por "absoluta ausência de elementos probatórios".

- É altamente provável que a deputada tenha sido mais uma vítima da pressa com que os trabalhos da CPI são conduzidos em algumas circunstâncias - disse Marquezelli.

A deputada disse que nunca viu os Vedoin e chorou muito. O relator e o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), também choraram.

- O que faltou foi força de convencer a sociedade da inocência da Laura no momento adequado. Ficamos todos com os braços amarrados - disse Maia, que afirmou ainda ter tido sempre certeza da inocência da deputada, que não conseguiu se reeleger.

O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), criticou a falta de provas contra os acusados pela CPI:

- Houve uma loucura no processo das ambulâncias. Aqui não se faz pizza, mas também não é um tribunal de exceção. Quem é inocente será inocentado.

Outros deputados também criticaram os trabalhos da CPI, que em seu relatório parcial, votado em agosto, recomendou a abertura de processo de cassação contra 69 deputados e três senadores. Já o relatório final, aprovado no último dia 14, recomendava o indiciamento de 10 pessoas, mas nenhum parlamentar estava na lista. Para o deputado Rodrigo Maia, o Executivo foi beneficiado pela CPI, que também não pediu o indiciamento de nenhum funcionário deste governo, nem do governo anterior, quando a quadrilha de superfaturamento de ambulâncias começou a operar.

- O resultado final da CPI mostra que ela foi precipitada. Se existia um esquema no Congresso, a empresa (que receberia propina da máfia) só conseguiria garantir o pagamento com a liberação das emendas pelo governo. Então porque é que a CPI não indiciou ninguém do governo federal? Houve muita espuma e pouca coisa concreta no relatório final. O Executivo acabou sendo beneficiado, enquanto a CPI fez a auto-destruição do Congresso. O relatório final não tem conexão com a decisão de mandar 69 deputados para o Conselho de Ética - disse Maia.

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