• Carregando...

O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta terça-feira (3) o parecer preliminar para que o colegiado dê prosseguimento às investigações contra o deputado Luiz Argôlo, acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desmontou um esquema milionário de lavagem de dinheiro. Foram 11 votos favoráveis.

O documento foi apresentado pelo relator do caso, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), na semana passada mas, na ocasião, o deputado Sérgio Souza (PTB-RS) pediu adiamento da votação do parecer. Para Rogério, há elementos suficientes na representação apresentada pelo Psol para embasar o trabalho do colegiado.

Argôlo foi notificado na manhã de hoje e tem, a partir desta quarta-feira (4), dez dias para apresentar sua defesa. Na sexta-feira passada (30), o deputado pediu afastamento por 15 dias da Câmara alegando um problema cardíaco. Por se tratar de uma licença por motivos de saúde, ele continuará recebendo salário e benefícios integralmente.

O advogado de Argôlo, Aluísio Correia Régis, acompanhou a reunião do conselho e afirmou que Argôlo teve uma arritmia cardíaca e por isso resolveu se afastar do trabalho. Argôlo esteve na Câmara na manhã de hoje para assinar a notificação sobre o processo no Conselho de Ética. "Ele fez isso para não parecer que tirou a licença para não ser citado e assim atrasar os trabalhos", explicou Régis. De acordo com ele, Argôlo já voltou para a Bahia, seu estado de origem.

Régis também afirmou que não é contrário à aprovação da admissibilidade da proposta e pediu que o Conselho de fato investigue o parlamentar para que "as coisas sejam devidamente esclarecidas". Além deste processo, Argôlo responde a um segundo processo com o mesmo tema e objeto de investigação que também está tramitando no Conselho de Ética. Marcos Rogério também é o relator deste caso. Ele pediu que os dois processos fossem apensados a fim de uniformizar os prazos, mas por questões regimentais o Conselho não pode uni-los ainda.

Argôlo também está sendo questionado dentro do seu partido, o Solidariedade. Na semana passada, ele apresentou explicações ao presidente da legenda, deputado Paulinho da Força (SP). Uma comissão de ética também estuda o caso para analisar uma eventual expulsão do partido.

Caso

O relatório da PF sobre o deputado aponta indícios de que Argôlo usou dinheiro público da Câmara dos Deputados para viajar e se reunir com Youssef. Segundo a PF, o congressista e o doleiro trocaram 1.411 mensagens entre 14 de setembro de 2013 e 17 de março de 2014. O celular usado por Argôlo está registrado em nome da Câmara, de acordo com a PF.

Em conversa do dia 9 de outubro do ano passado, Argôlo indagou a Youssef: "Vc acha q devo pegar a vice lide ou a comissão de orçamento?? Ou nada??". "Pega a vice liderança (...) tem que estar perto do governo", respondeu o doleiro.

A PF cruzou dados dos encontros agendados por eles com informações do serviço de transparência da Câmara. O levantamento mostrou indícios de que Argôlo usou verba parlamentar para pagar despesas com hotéis e passagens aéreas para encontrar Youssef. Os grampos também indicam que o doleiro entregava dinheiro a Argôlo no apartamento funcional da Câmara ocupado pelo congressista. A PF relata ainda que as interceptações indicam a intermediação de Youssef no repasse de valores de empreiteiras para Argôlo.

Segundo o relatório, os indícios apontam que Argôlo era "um cliente dos serviços prestados por Youssef, por vezes repassando dinheiro de origem aparentemente ilícita, intermediando contatos em empresas, recebendo pagamentos, inclusive tendo suas atividades operacionais financiadas pelo doleiro".

No dia 6 de maio, a Folha de S.Paulo revelou que relatório da Polícia Federal interceptou mensagens de texto indicando que o deputado pediu dinheiro ao doleiro para pagar gado em seu Estado, na Bahia. No mês passado, a revista "Veja" publicou que Argôlo pedira R$ 120 mil para Youssef, que transferiu para o chefe de gabinete do deputado. Segundo a revista, Argôlo nega que o "LA" do relatório policial seja ele.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]