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Em depoimento na CPI do Mensalão, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, voltou a reconhecer que usou dinheiro não contabilizado do PT (caixa dois) durante a campanha eleitoral em 2002. Segundo o ex-deputado, dos R$ 10 milhões que tinham sido prometidos pelo PT, foram repassados R$ 6,5 milhões. Costa Neto disse que recebeu os recursos e não os repassou para deputados ou diretórios do PL. O dinheiro, informou, foi usado na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Totalmente gastos na campanha do presidente Lula no segundo turno - disse Valdemar Costa Neto.

- Então foram recursos não contabilizados na campanha do presidente Lula? - indagou o deputado Fernando Coruja (PPS-SC).

- É verdade, porque eles me pagaram depois e eu pensei que eles fossem me doar o dinheiro oficialmente - respondeu Costa Neto.

O ex-deputado afirmou, porém, que nunca tratou de recursos financeiros com Lula.

- Quando eu falei (em entrevista à revista 'Época') que o presidente Lula sabia do acordo (de R$ 10 milhões entre o PT e o PL na campanha de 2002), eu disse que o que ele sabia era do acordo político, do apoio. Ele jamais negociou comigo - garantiu.

De acordo com Costa Neto, dos R$ 6,5 milhões recebidos do PT, R$ 1,2 milhão foi pago através da empresa Guaranhuns, suspeita de participar do esquema de lavagem de dinheiro montado por Marcos Valério e de fazer remessa ilegal de dinheiro para o exterior. O restante chegou, segundo o depoimento, em cheques da SMP&B, agência de publicidade de Valério.

Costa Neto negou que conhecesse a Guaranhuns, sobre a qual garantiu nunca ter ouvido falar. Mas, em nota divulgada à imprensa nesta terça-feira, Valério reafirma que a empresa lhe foi apresentada pelo então tesoureiro do PL, Jacinto Lamas. Segundo a nota, os repasses feitos ao PL, sob a orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, totalizaram R$10.837.500,00, mais do que os R$ 6,5 milhões que Costa Neto diz ter recebido.

O ex-deputado, em seu depoimento, contou que só tem recibo de R$ 1,7 milhão do dinheiro que recebeu do PT, repassado por Delúbio.

- Há recibos de R$ 1,7 milhão dos R$ 6,5 milhões em saques do Banco Rural. Reconheço que R$ 4,8 milhões foram entregues sem nenhuma comprovação. Delúbio pediu que eu fosse ou mandasse um interlocutor para a agência SMP&B e falasse com a dona Simone (Vasconcelos, diretora financeira da agência) - disse Costa Neto.

O presidente do PL informou que a aliança com o PT "arrebentou" as finanças do seu partido. O dinheiro prometido pelo PT, segundo ele, só chegou depois das eleições, e mesmo asim em quantidade menor do que o que tinha sido acertado anteriormente.

- Como os R$ 10 milhões que seriam repassados pelo PT não vieram, a única chance que tínhamos era se o Lula ganhasse a eleição. Porque tínhamos arrebentado com o partido (PL) com a coligação. Ficamos quatro anos nos preparando para fazer 5% e fizemos 4,3% por falta de recurso - comentou Costa Neto, referindo-se à representação política no Congresso para ter direito ao fundo partidário, de acordo com a legislação vigente.

Indagado sobre se nunca desconfiou da origem do dinheiro que recebia do PT, Costa Neto voltou a afirmar que foi induzido ao erro e que não tinha até então motivo para desconfianças.

- Nunca me preocupei nem tive motivo para desconfiar da origem do dinheiro do PT. Sempre trabalhavam seriamente, só tratavam com gente de bem - disse.

Costa Neto afirmou ainda que o acordo dos R$ 10 milhões entre PL e PT não foi feito para garantir a aliança. Segundo ele, o acertado foi uma participação nos recursos da campanha. Assim, proporcionalmente, dos R$ 40 milhões destinados a cobrir os gastos com a disputa eleitoral, R$ 10 milhões iriam para PL, já que o PT tinha 59 deputados e o PL, 23.

- É um acordo político em qualquer aliança que você faça - explicou.

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