
O contrato das empresas de ônibus de Curitiba com a companhia Dataprom, responsável pelo sistema de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo da capital, foi um dos principais alvos de questionamento durante a sessão de ontem da CPI da Urbs da Câmara Municipal. O presidente da CPI, Jorge Bernardi (PDT), argumentou que os gastos com manutenção dos equipamentos eram significativamente menores quando a empresa Enterhelp era responsável pelo trabalho. Segundo ele, se os custos anteriores tivessem sido mantidos, a tarifa técnica poderia ser R$ 0,02 menor do que a atual de cerca de R$ 3,00. "A Dataprom cobra cerca de R$ 500 mil a mais pela realização do mesmo serviço, o que representa um prejuízo de R$ 6 milhões por ano", disse ele.
Representando o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), o advogado Sacha Reck, do escritório de Advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck, argumentou que a contratação da Dataprom ocorreu porque era essa empresa que detinha a tecnologia adotada em Curitiba para a bilhetagem eletrônica. "As empresas de ônibus ficam amarradas a quem detém a tecnologia do sistema implantado", disse ele.
Reck explicou que foi essa razão que impediu que o contrato com a Enterhelp perdurasse. " Por não ter esse acesso à tecnologia, a empresa ficava impossibilitada de realizar o serviço com qualidade." Ele afirmou ainda que as empresas do transporte coletivo estão reféns de uma única prestadora desse serviço e que a falta de concorrência impede a diminuição dos custos.
Além disso, o advogado da Setransp também observou que o serviços e os equipamentos do sistema de bilhetagem têm muitas falhas de funcionamento e que as empresas estão insatisfeitas com o serviço prestado pela Dataprom. "Dez por cento da frota acaba tendo problemas com o validador do cartão- transporte, o que causa interrupções da viagem e prejuízos", afirmou ele.
Dificuldade
Um dos objetivos da reunião de ontem da CPI era esclarecer a composição da tarifa técnica. O vereador Jorge Bernardi ressaltou a dificuldade de entender como funciona a cobrança da tarifa, que envolve a análise de mais de 40 itens. " Uma diferença de 1 centavo em um desses item vai representar uma diferença de R$ 3 milhões no sistema. Temos que investigar para ver se realmente há gordura nesse sistema."



