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Caso Cachoeira

CPMI convoca sócio da Delta, ex-diretor do Dnit e prefeito petista

Nos bastidores, especula-se que os governistas apostam que os depoimentos têm mais chances de causar estragos ao PSDB do que ao PT

Fernando Cavendish | Eduardo Knap/Folhapress
Fernando Cavendish (Foto: Eduardo Knap/Folhapress)
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Luiz Antônio Pagot

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Raul Filho (PT)

Após intenso debate e troca de acusações entre governistas e oposicionistas, a CPMI do Cachoeira aprovou ontem a convocação de dois personagens-chave do escândalo envolvendo o bicheiro Carlos Cachoeira, a empreiteira Delta e políticos. Foram chamados o principal sócio da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot. Também foi aprovada a convocação de Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias); e do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). Os novos depoimentos garantem uma sobrevida longa à comissão, mas indicam que a CPMI continuará a ser palco para a briga política envolvendo PT e PSDB.

A Delta está no centro do escândalo e suspeita-se que a empreiteira tenha Cachoeira como sócio oculto. É uma das principais construtoras do PAC e a convocação poderia levar o escândalo para o governo federal. Mas governistas avaliaram que seria inevitável chamar Cavendish diante da pressão da opinião pública. Nos bastidores, especula-se que aposta da base, no entanto, é que ele não revele nada que cause embaraços ao Planalto. O próprio Cavendish disse ontem que não tem nada a falar na comissão.

Já Pagot em princípio não tem nenhuma relação direta com Cachoeira ou com a Delta. Mas ele denunciou recentemente que a empreiteira teria sido beneficiada pela liberação irregular de aditivos na construção do Rodoanel paulista, em 2010. E que o dinheiro abasteceu o caixa 2 da campanha presidencial de Serra naquele ano. Paulo Preto, segundo a acusação de Pagot, seria o operador do caixa 2. Por isso ele foi convocado, sob forte protesto dos tucanos da CPMI.

A convocação do ex-diretor do Dnit, porém, não é uma ameaça apenas ao PSDB. Ele foi demitido do órgão no ano passado, em meio a denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. E também recentemente Pagot afirmou que o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010, José de Fillipi, exerceu pressão sobre empreiteiras que têm contratos com o Dnit ao pedir dinheiro para financiamento eleitoral.

Mas, ao que tudo indica, os governistas da CPMI apostam que a denúncia contra Serra tem mais elementos para prosperar do que as suspeitas envolvendo Dilma. Além disso, o PT já começou a blindar na CPMI as investidas contra a campanha da presidente. A oposição tentou ontem convocar Fillipi, que hoje é deputado federal pelo PT de São Paulo. Mas o requerimento foi rejeitado sob a alegação de que não há qualquer indício de crime cometido por ele.

Outros personagens

Já o prefeito de Palmas foi convocado após ter sido flagrado, em um vídeo, negociando apoio de Cachoeira para as eleições de 2004. Para o PT nacional, ele é uma figura sem muita expressão. E não houve resistência à sua convocação – até mesmo porque o prefeito se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.

A CPMI também convocou para prestar esclarecimentos outros personagens "menores" do caso, como a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, apontada pelas investigações da CPI e pela Polícia Federal como laranja do esquema de corrupção do contraventor. Outro convocado foi o empresário paulista Adir Assad, cujas empresas receberam R$ 50 milhões da Delta. A suspeita é que seja laranja do contraventor.

Também serão ouvidos os empresário José Augusto Quintella e Romênio Marce­­­lino Machado, ex-donos da Sigma Engenharia. Em conversa gravada com os dois, Fernando Cavendish disse que comprava por "R$ 6 milhões um senador". A Sigma foi comprada pela Delta.

A CPMI aprovou ainda o convite para que o juiz federal Paulo Augusto de Moreira Lima vá à comissão. Responsável por decretar a prisão de Cachoeira, o juiz deixou o caso porque disse ter sido ameaçado de morte.

Foi aprovado ainda a quebra de sigilos bancário e fiscal de quatro pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB): Jayme Rincon, ex-tesoureiro da campanha de Perillo e atual presidente da Agência Goiânia de Transportes e Obras Públicas (Agetop); Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial de Perillo; Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador; e Edivaldo Cardoso de Paula, ex-presidente do Detran de Goiás.

Só em agostoComissão adia decisão sobre ouvir de novo o bicheiro Cachoeira

Folhapress

A CPMI do Cachoeira adiou para agosto a discussão sobre visitar o bicheiro Carlinhos Cachoeira na penitenciária da Papuda, em Brasília. Não houve acordo entre os parlamentares sobre a sugestão do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) para que um grupo de três parlamentares fosse ao presídio. A mulher do empresário, Andressa Mendonça, disse em entrevista à TV Globo que o seu marido está disposto a colaborar com as investigações. Também não foi discutido ontem na CPMI a possibilidade de reconvocar Cachoeira.

O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse ser contrário a visitar Cachoeira na penitenciária. A discussão foi adiada após o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pedir para votar esse pedido separadamente de outros requerimentos. O comando da comissão, então, decidiu retirar a discussão da pauta e a sessão foi esvaziada. "É urgente a necessidade de ouvirmos o Cachoeira, mas não no presídio", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

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